A empresa concessionária do aproveitamento hidroelétrico tinha apontado agosto como a data para a conclusão do projeto e indicou, em resposta a um ponto da situação pedido pela Lusa, que ”está a avançar como previsto e encontra-se a ser explorado em serviço experimental, com capacidade de produção de energia e de bombagem”.
De acordo com a fonte, “a construção já está globalmente concluída, decorrendo neste momento apenas alguns trabalhos de acabamentos, que serão terminados até final deste ano”.
A Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) realizou, em junho, uma vistoria ao aproveitamento hidroelétrico de Foz Tua que, segundo a EDP, “concluiu estar em condições para entrar em exploração”. Falta, contudo, o parecer oficial desta vistoria e a emissão da respetiva licença para a exploração em pleno da barragem.
“A EDP irá continuar a concluir trabalhos em curso e a explorar a central nas condições em que tem vindo a explorar até ao momento”, acrescentou a fonte oficial da empresa.
O nível máximo da albufeira é de 170 metros e, quando estiver a funcionar em pleno, produzirá “o dobro do consumo de energia dos cinco municípios desta zona”.
A nova barragem representa um investimento de 370 milhões de euros e começou a ser construída há seis anos, a pouco mais de um quilómetros da confluência dos rios Tua e Douro, e com o paredão a unir os concelhos de Alijó (Vila Real) e de Carrazeda de Ansiães (Bragança).
Da área de influência fazem ainda parte os municípios de Murça, em Vila Real, e Mirandela e Vila Flor, em Bragança, num processo que tem estado envolto em polémica e contestação pelos impactos no Douro Património da Humanidade, no vale do rio Tua e desativação da centenária linha ferroviária do Tua.
Um novo plano de mobilidade foi a principal contrapartida imposta pela submersão de quase 20 quilómetros da linha do Tua.
O plano está pronto com barcos para navegar na nova albufeira, entre o Tua e a Brunheda, e um novo comboio turístico, da responsabilidade do empresário Mário Ferreira, para fazer os cerca de 30 quilómetros de ferrovia que restaram entre a Brunheda e Mirandela.
A EDP entregou 10 milhões de euros ao operador turístico para dinamizar o projeto, com um figurino que inclui também comboio para servir a mobilidade quotidiana das populações ribeirinhas do Tua.
O arranque continua impedido pela indecisão das diferentes entidades envolvidas sobre quem assume a responsabilidade da segurança da linha do Tua, como disse recentemente à Lusa Fernando Barros, presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua.
A Agência entende que “o proprietário da infraestrutura continua a ser a empresa Infraestruturas de Portugal (IP)” e que “deve ser responsável pela superstrutura da linha, ou seja, por viadutos, pelos taludes, pelos túneis, pela segurança dessas grandes infraestruturas”.
Relativamente à linha propriamente dita e à plataforma, “terá de ser o operador a manter operacional”, defende o presidente da agência, à qual foi concessionada a linha e que subconcessionou todo o projeto de mobilidade ao operador turístico.
Falta o acordo para criar as condições de logísticas e ultrapassar o impasse burocrático atribuído a um novo modelo que junta entidades públicas e privadas e nunca antes experimentado em Portugal, segundo os responsáveis.
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