De acordo com esta divisão de análise e investigação do The Economist Group, Biden tem a seu favor o bom desempenho da economia norte-americana, que começa a fazer-se sentir na perceção favorável dos eleitores, e beneficia ainda de ser o candidato que tem conseguido angariar mais dinheiro para a campanha (o que nos Estados Unidos é uma variável muito importante para vencer umas eleições).
Por outro lado, os analistas do The Economist consideram que o ex-presidente republicano Donald Trump começa a denotar quebras de popularidade nos estados considerados mais relevantes para o desfecho das eleições de novembro próximo, bem como dificuldades em assegurar o financiamento para as suas ações de campanha.
Durante um seminário que hoje decorreu em ambiente virtual, e em que a agência Lusa participou, dois analistas seniores da Economist Intelligence Unit, Andrew Viteritti e Steven Leslie, analisaram ainda as consequências das eleições norte-americanas, perante as divergências entre os dois candidatos.
Para estes analistas, as diferenças destacam-se mais a nível de política externa do que de política interna, mas em qualquer patamar revelam que Biden e Trump têm opções de governação substancialmente diferentes e, em alguns aspetos, mesmo opostas.
Na política externa, a divisão de análise do The Economist Group salienta que uma vitória de Biden permitirá que muito pouco se altere no que diz respeito ao apoio dos Estados Unidos à Ucrânia, no seu esforço de guerra contra a invasão russa, apesar de considerarem que o atual Presidente poderá moderar o ímpeto de investimento financeiro e militar após as eleições.
Com Trump, o que se pode esperar será uma retração significativa nesse apoio, como o futuro Presidente a preferir investir em estratégias para travar a guerra na Ucrânia, à custa dos interesses ucranianos.
No que diz respeito ao conflito na Faixa de Gaza, os analistas acreditam que Biden insistirá em mostrar reservas sobre a estratégia militar israelita, apesar de se manter ao lado de Israel, enquanto Trump apostaria em reforçar o apoio norte-americano no confronto contra o grupo islamita Hamas.
No que diz respeito à NATO, os analistas consideram que Biden será a melhor escolha para quem quiser manter o mesmo empenhamento na unidade da Aliança Atlântica, embora considerem que, apesar das reservas de Trump, dificilmente o candidato republicano teria alguma atitude disruptiva, sobretudo porque teria dificuldade em convencer o Congresso norte-americano a aceitar alguma atitude mais radical, como retirar o país do Tratado do Atlântico Norte.
Ao nível da política doméstica, a divisão de análise do The Economist Group acredita que os dois candidatos têm vários pontos de consenso, mas apontam a questão da política fiscal como uma das mais divisivas, chamando a atenção para o facto de Biden defender um substancial aumento de impostos para os mais ricos, enquanto Trump defende uma estratégia de diminuição geral da carga fiscal.
Para os analistas, outra matéria que divide os dois candidatos é a importante questão da imigração, depois de Trump ter anunciado um aumento significativo do controlo de entradas, com mais restrições na difusão de vistos e até o regresso de medidas impeditivas para a chegada de migrantes muçulmanos.
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