O "rei da soja", como muitos lhe chamam, responde com calma: "Estou tranquilo, sei o que fiz e as coisas que estão a ser ditas. Se perceber que está a criar embaraços para a minha função como ministro saio imediatamente. Sou um homem do campo, não tenho apego ao cargo. Falei com Temer, que pediu para eu permanecer e deixar o resto com a justiça. Se em algum momento perder o apoio do sector saio sem nenhum problema". O sector aplaudiu de pé.
É um dos homens mais ricos do Brasil. Um dos mais poderosos. Os Maggi, agora apenas a matriarca, Lúcia Borges, e os cinco filhos (Blairo é o único homem), têm um império de produção, processamento e comércio de sementes, reflorestação, pecuária, fertilizantes, energia, administração portuária, transporte fluvial e import/export, com sede em Mato Grosso. É à sombra de uma aroeira de dez metros de altura plantada à entrada do grupo André Maggi, o nome do pai de Blairo, já falecido, que cresce o negócio, avaliado em qualquer coisa como 5 mil milhões de dólares (facturação).
No início de 2000, não admira, a Greenpeace acusou Blairo Maggi de ser responsável por metade da devastação ambiental brasileira. Como resposta, hoje o ministro exibe certificados internacionais de boas práticas ambientais, como o Pró-Terra, o Forest Footprint Disclosure ou o título de empresa socio-ambientalmente correcta no agro-negócio.
Aparentemente, nem sempre foi assim. Em tempos, o agora ministro chegou a dizer ao The New York Times: "Um aumento de 40% no desmatamento da Amazónia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos a fazer aqui". Mas isso era antes. Agora Blairo Maggi ergue a bandeira dos ambientalistas.
Blairo Maggi nasceu a 29 de Maio de 1956, no seio de uma família rural de descendentes de italianos. O seu nome foi escolhido por causa da dupla sertaneja que então fazia sucesso: Blairo e Clairon.
O ministro, casado e pai de três filhas, licenciou-se em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná. Diz quem sabe que é muito religioso e que a sua casa em Cuiabá, para onde a família se mudou em 1977, tem uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida com meio metro de altura. A história que conta é que entrou para a política para cumprir uma promessa: serviço público em troca da cura do cancro da filha Ticiane. Até agora, tudo bem.
Um novo modelo de controlo
Sobre a Operação Carne Fraca, Blairo Maggi diz que "o ministério está a trabalhar num novo modelo, numa forma melhorada de conduzir os controlos. O modelo está praticamente concluído e toda a garantia que podermos vamos dar. Com maior transparência. Será um sistema mais moderno".
Para já, o número de inspectores vai aumentar. "Retirámos fiscais que estavam subutilizados em algumas áreas para colocar nos frigoríficos e matadouros e abrimos concurso para contratar mais 300 veterinários e em Março de 2018 será lançado novo concurso para contratar outros 300", adianta o ministro. Por outro lado, garante, "o controlo não é apenas feito do lado do Estado e de quem vende, mas também do lado de quem compra, assegurando uma triagem mais eficaz".
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