Em declarações aos jornalistas, após a intervenção de Ursula Von der Leyen na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), a eurodeputada bloquista considerou que a candidata à presidência da Comissão Europeia expressou no seu discurso “preocupações num sentido e no seu contrário”.

“Foram uma espécie de medidas avulsas para agradar a toda a gente. Tem de haver escolhas políticas, que não foram feitas”, criticou a eurodeputada.

Para Marisa Matias, “ou se está do lado do combate às alterações climáticas ou da militarização, porque não há recursos para tudo, ou se defende o emprego ou se continua a atacar os direitos laborais”, porque ou se está “do lado da defesa do serviço público ou do lado da concorrência”.

“O que nós vimos nesta apresentação foi de facto uma candidata que chegou aqui com o apoio do seu partido europeu e dos governos de extrema-direita e que aqui chegada apresenta propostas que procuram ser compromissos para agradar a toda a gente e que nunca tiveram sequer o apoio da sua família política e dos seus apoiantes nesta casa ao longo dos anos”, apontou.

A eurodeputada portuguesa prevê que, “para cada uma das questões” com pendor mais social, Von der Leyen “seguramente não terá nenhuma maioria” na assembleia europeia.

Numa intervenção no hemiciclo, no debate com a candidata, Matias já tinha pedido à política alemã que assuma as suas escolhas políticas.

“Nós precisamos de cinco anos de escolhas claras, não precisamos de mais duas semanas de promessas contraditórias. Porque a Europa não aguenta mais um mandato de cantos de sereia e, seguramente, de desilusões”, disse então.

O grupo da Esquerda Unitária, onde têm o Bloco de Esquerda e o PCP, anunciou na passada semana que não apoiará a candidata indigitada, ao considerar “insuficientes” as suas propostas em temas como as alterações climáticas e migrações.

O Parlamento Europeu vota hoje, às 18:00 locais (menos uma hora em Lisboa), a nomeação da alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia.

A política alemã necessita obter uma maioria absoluta - metade dos eurodeputados mais um, ou seja, 374 – para suceder ao luxemburguês Jean-Claude Juncker na presidência do executivo comunitário.