“O acontecimento é surpreendente, isso não posso deixar de reconhecer. Quanto à substância, devo acrescentar que é uma responsabilidade pessoal e não sou comentador”, declarou José Manuel Bolieiro, que remeteu a análise do caso para o foro partidário.

O deputado Miguel Arruda, eleito pelo círculo eleitoral dos Açores para a Assembleia da República, é suspeito de furtar malas em aeroportos e foi esta semana constituído arguido. Desfiliou-se do partido e passou hoje a deputado não inscrito, deixando de integrar o grupo parlamentar do Chega.

À margem da assinatura de um protocolo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Ponta Delgada, Bolieiro (PSD) considerou que a sua visão “da política e dos políticos é em nome do bem comum” e que “a estabilidade política e governativa é essencial”.

O Chega tem sido nos Açores parceiro dos partidos da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que não possui maioria parlamentar, como aconteceu no final de 2024 com aprovação do Plano e Orçamento de 2025.

Bolieiro salvaguardou que o seu executivo tem sido “um referencial de estabilidade” e vai “manter essa atitude” apesar da “geometria variável” do parlamento dos Açores, com “todos os que são também elementos dessa estabilidade”.

O social-democrata aproveitou as declarações aos jornalistas para reiterar a sua confiança no diretor regional da Habitação, Daniel Pavão, na sequência de uma recente auditoria do Tribunal de Contas que concluiu que o Governo dos Açores teve uma conduta “danosa” no processo de reabilitação de 40 moradias em São Miguel previsto no Plano de Recuperação e Resiliência, violando os deveres de “boa gestão”.

“A conduta da vice-presidência do Governo Regional e da Direção Regional da Habitação revelou-se danosa para os interesses da região autónoma, ao promover o recurso a procedimentos por ajuste direto, sem seguirem as disposições legais que levariam a procedimentos concursais abertos à concorrência que poderiam levar a uma despesa inferior à realizada”, defendeu o tribunal.

Hoje, José Manuel Bolieiro referiu que “não se pode dramatizar uma situação que, aliás, o próprio Tribunal de Contas enquadra”.

“O diretor regional tem a minha confiança, é competente, diligente, tem feito muito em relação ao histórico e tradição da política para oferta de habitação”, afirmou Bolieiro, salvaguardando que se aprende “com as perspetivas burocráticas e do bom controlo que o Tribunal de Contas faz”.

No seu entendimento, não se está perante um caso de “má-fé ou de incompetência, mas sim de agilização” de procedimentos que o Governo Regional vai ter em consideração.