O objetivo é colocar os bombeiros locais na primeira linha do combate à vespa asiática, num concelho que tem em curso um projeto bem-sucedido de distribuição de armadilhas artesanais, construídas por crianças do primeiro ciclo.
Os ‘kits’ dos bombeiros são compostos por uma cana extensível dotada de um pequeno reservatório onde são introduzidos químicos biológicos que são injetados nos ninhos, provocando a sua destruição.
"Esta metodologia é a aconselhada pela Associação de Modelismo Centro Portugal (AMCP), que começou por dar apoio no combate à vespa através de drones e acabou por se dedicar à investigação das melhores técnicas de combate, aconselhando, atualmente, 26 municípios do país", esclarece a autarquia presidida por Rui Marqueiro.
Carlos Filipe, da Direção da AMCP, esclarece que, inicialmente, as técnicas de combate à vespa asiática não eram as melhores, nomeadamente a remoção do ninho sem extermínio das vespas, acabando por originar a replicação de ninhos.
"Mas, atualmente, com a técnica já aplicada na Mealhada de injeção desta combinação de químicos biológico com inseticida no vespeiro, consegue-se controlar esta epidemia", garante o dirigente da AMCP.
Os ‘kits’ são relativamente baratos, o que faz com que a contribuição financeira da autarquia seja de 375 euros por cada uma das corporações de bombeiros daquele concelho bairradino, no distrito de Aveiro.
Ainda segundo Carlos Filipe, no concelho da Mealhada foram identificados e destruídos 135 ninhos este ano, um valor baixo comparado com o que acontece em municípios vizinhos.
Também as crianças do Agrupamento de Escolas da Mealhada estão desde o início do ano a construir armadilhas para as vespas asiáticas, iniciativa apadrinhada pela Associação de Apicultores do Litoral Centro (AALC).
A armadilha foi criada por um membro da AALC, que, após dezenas de tentativas, conseguiu produzir "um embuste caseiro" extremamente eficaz, que está a ser produzido no Centro de Interpretação Ambiental da Mealhada.
A armadilha consiste numa garrafa de água de litro e meio com duas entradas desencontradas, feitas a partir de outras duas garrafas mais pequenas. Lá dentro é colocado o doce que atrai as vespas asiáticas, por exemplo néctar de pera, e umas gotas de vinagre, que afastam as abelhas e evitam que estas caiam na armadilha. É urgente capturar as fundadoras que vão formar os ninhos", explicam os técnicos.
A proposta de colocar as mais de 850 crianças do Agrupamento de Escolas da Mealhada a produzir estas armadilhas partiu dos apicultores, tendo sido acolhida pela câmara local.
"Acreditamos que esta medida ajudou muito a que a vespa não se tenha propagado tanto como noutros locais", refere Carlos Filipe.
A vespa velutina é uma espécie asiática característica de regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, sendo a sua existência reportada desde 2011 na região norte de Portugal.
Apesar das tentativas de controlo dos últimos dois anos, a vespa asiática tinha sido avistada em 12 distritos do país até ao final de 2017.
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas tem alertado para os efeitos da presença desta espécie não indígena, sobretudo na apicultura, por se tratar de uma espécie carnívora e predadora das abelhas.
A vespa asiática constitui também uma ameaça para a saúde pública, reagindo de modo bastante agressivo quando sente os ninhos ameaçados, "incluindo perseguições até algumas centenas de metros".
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