A decisão foi anunciada esta noite pelo comandante dos Bombeiros de Algueirão Mem Martins, Joaquim Leonardo, referindo que o não envolvimento dos bombeiros do concelho de Sintra no DECIR 2019 representa uma redução em cerca de 20% dos meios do dispositivo no distrito de Lisboa, num total de 15 equipas.

Em causa está, segundo explicou à agência Lusa, Joaquim Leonardo, a discordância com algumas medidas previstas na nova lei orgânica da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), aprovada em Conselho de Ministros a 25 de outubro e que se encontra atualmente em consulta junto da Liga dos Bombeiros Portugueses e da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

O comandante de Algueirão e Mem Martins referiu que uma das medidas contempladas neste diploma, e que é contestada pelos bombeiros, é a criação de cinco comandos regionais e 23 sub-regionais, em vez dos atuais 18 comandos distritais de operações e socorro.

“Isto vai mexer com a atual organização que os bombeiros têm, que é uma organização que já está implementada e funciona. Estamos rotinados e, portanto, não faz sentido que o Governo mude tudo face ao que aconteceu em 2017 e não ouça sequer o principal agente da proteção civil, que é responsável por 90% das ações em proteção e socorro do país”, observou.

Joaquim Leonardo disse ainda que os bombeiros do concelho de Sintra defendem, à semelhança da Liga dos Bombeiros Portugueses, que passe a existir um comando único e deixem de estar dependentes da ANPC.

“Nós somos a única força do país que não tem um comando único e de depende diretamente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, que não é um corpo de bombeiros e com a qual nós não nos identificamos”, criticou.

Joaquim Leonardo alertou ainda para o facto de o descontentamento com este diploma ser generalizado e admitiu que bombeiros de outros concelhos possam tomar uma decisão semelhante.

“O descontentamento é geral, nacional. Eu acho que o sentimento que os bombeiros têm neste momento é que o que está a ser feito não beneficia a população. O Governo está a ter uma cegueira coletiva, está a cortar a direito, não está a ouvir ninguém e isso, obviamente, terá consequências gravosas para a população”, alertou.

Apesar do descontentamento, Joaquim Leonardo manifestou-se confiante de que o Governo ainda possa abrir um espaço de diálogo com os bombeiros: “Penso que o Governo terá, com certeza, o bom senso de negociar com os bombeiros e ouvir aquilo que os bombeiros têm a dizer”, concluiu.