O rebentamento de vários petardos marcou hoje o início da manifestação dos bombeiros sapadores em frente ao parlamento, que pelas 12h25 reunia centenas de manifestantes.
Alguns dos bombeiros, fardados, começaram a subir a escadaria da Assembleia da República, em Lisboa, sempre acompanhados por agentes da PSP.
Fonte Unidade Especial de Polícia (UEP) da PSP de Lisboa disse ao SAPO24 que a unidade se deslocou em marcha de urgência para junto do Parlamento devido aos protestos dos bombeiros.
O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores espera mais de mil manifestantes na concentração em São Bento que teve início, ao meio-dia, ao som de heavy metal e rock n’roll.
Pelas 12h25 continuavam a chegar manifestantes que enchiam a Rua de São Bento com latas de fumo cor de laranja e verde e foguetes.
Às 12h30 cantaram o hino nacional, depois de terem gritado uma única palavra de ordem: “Sapadores”.
Centenas de bombeiros sapadores fardados ocupavam hoje às 13h00 as escadarias da Assembleia da República, em Lisboa, enquanto a polícia formava um cordão à entrada do parlamento.
Ao fundo da escadaria, os manifestantes incendiaram vários pneus e queimaram um fato de trabalho dos bombeiros.
Um minuto de silêncio foi o momento mais emotivo da manifestação, a que se seguiu um soar de dezenas de sirenes, cerca das 13h20.
A seguir, um caixão branco foi levado em braços para a porta do parlamento enquanto os manifestantes gritavam a palavra “vergonha”, responsabilizando os decisores políticos pela situação da classe.
À frente das centenas de sapadores fardados, um grupo de manifestantes envergava t-shirts negras com a inscrição “Sapadores em Luta”.
Uma cruz de Cristo e tarjas com frases como “bombeiros sapadores em luta. Esqueceram-se de nós!… outra vez…” ou “sabes quem vai salvar o teu filho” estavam colocadas à frente do protesto.
Apesar da ordem policial para descerem a escadaria do parlamento, os bombeiros continuaram a formar e a libertar fumos de foguetes.
Pouco depois, as escadarias da AR ficaram cobertas de fumo negro, enquanto na rua, cortada ao trânsito, uma grua num camião erguia um caixão com um 'bombeiro' morto.
Sindicato dos bombeiros sapadores culpa Governo por excessos nos protestos
O sindicato dos bombeiros sapadores responsabilizou hoje o Governo por o protesto diante do parlamento ter ido além do que estava autorizado, com centenas de manifestantes a invadirem a escadaria e a obrigarem à intervenção da polícia.
“Sei que eles têm razão nos protestos, o que motivou isto foi o senhor secretário de Estado ter marcado uma reunião e, no fim, voltou a dizer que não tinha nada para apresentar. Qualquer pessoa normal devia perceber que não podemos faltar à verdade aos bombeiros… Se já andam revoltados, a probabilidade de isto acontecer era muito elevada. O culpado disto tudo acaba por ser o Governo”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores.
Em declarações aos jornalistas, Ricardo Cunha assumiu que o protesto “foi além do que estava legalizado” e confessou não saber quais possam ser as repercussões para os bombeiros, anunciando que a direção do sindicato vai reunir-se “para perceber o que correu mal”.
Quais as reivindicações
“Os bombeiros sapadores reivindicam acertos salariais para compensar o aumento da inflação, conforme foi atribuído às demais carreiras da função pública”, disse o presidente do SNBS, Ricardo Cunha, citado num comunicado.
O dirigente lembrou que “existiu um compromisso do anterior Governo” para atribuir a compensação aos bombeiros “com retroatividade a janeiro de 2023, mas, “até à data, tal não aconteceu”.
Ricardo Cunha considerou que os bombeiros sapadores terão “ficado fora desses acertos salariais, por serem uma carreira especial da função pública não revista”.
O SNBS pede ainda “a regulamentação da carreira, onde sejam contemplados os suplementos de risco, penosidade e insalubridade, bem como a disponibilidade permanente, em percentagem e à parte do vencimento”.
Também é exigido um horário de trabalho “a nível nacional que garanta a operacionalidade e a segurança dos bombeiros e daqueles que por eles são socorridos”.
“Em Portugal, os bombeiros sapadores não chegam a três mil profissionais [em 25 municípios] e (…) estas medidas não serão um peso para o Orçamento do Estado, porque estamos a falar numa possível despesa anual inferior a 10%, comparativamente com aquilo que o Governo atribuiu às forças de segurança”, sustentou.
Em 05 de setembro, Ricardo Cunha havia dito à Lusa que “a manifestação tem como objetivo mostrar que os bombeiros sapadores não estão contentes com o Governo, que faltou à palavra”.
O sindicalista referiu que os bombeiros sapadores exigem um aumento salarial para compensar a subida da inflação, idêntico ao que foi dado em 2023 pelo anterior Governo aos polícias, de cerca de 100 euros.
*Com Lusa e atualizada às 14h14.
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