Numa conversa telefónica, os dois líderes acordaram em reunir para discutir o ‘Brexit’, com Boris Johnson a responder positivamente a um convite de Macron para visitar a França, nas próximas semanas, segundo um porta-voz do Governo britânico.

De acordo com essa fonte, durante a conversa, Johnson insistiu na ideia de necessidade de uma renegociação do acordo de saída, retirando dos seus termos a questão do ‘backstop’, a polémica salvaguarda de proteção da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

Mas Amélie de Montchalin, secretária de Estado para os Assuntos Europeus francesa, já alertou para a necessidade de ambas as partes evitarem “fazer jogos ou provocações” a três meses de distância do prazo final para o ‘Brexit’, marcado para 31 de outubro.

“Devemos estabelecer relações de trabalho e não entrar em jogos ou provocações”, afirmou Montchalin, citada por jornais britânicos.

“O primeiro-ministro (Boris Johnson) quer chegar a um acordo. Ele vai procurá-lo de forma vigorosa, mas o (existente) acordo de saída foi rejeitado por três vezes na Câmara dos Comuns, Isso não voltará a acontecer”, disse, por sua vez, a fonte do Governo britânico, relatando a mensagem de Johnson a Macron.

Para evitar nova rejeição no parlamento britânico, o ‘Brexit’ deverá ser alvo de uma reformulação, obrigando a uma reabertura de negociação e abolindo a cláusula de salvaguarda da fronteira irlandesa, disse a mesma fonte.

A cláusula de salvaguarda irlandesa destina-se a impedir a existência de uma fronteira física entre as duas Irlandas, após o ‘Brexit’, e tem constituído o principal obstáculo à aprovação do acordo negociado entre a ex-primeira-ministra britânica Theresa May e a Comissão Europeia.

No seu primeiro discurso, após assumir o cargo de primeiro-ministro, na quarta-feira, Boris Johnson reiterou a prioridade em abandonar a União Europeia, dentro do prazo, “sem ‘mas’ e sem ‘e'”, respeitando a vontade expressa em referendo, em 2016.

O tema deverá constituir ponto central da conversa marcada entre Johnson e Macron, que deverá acontecer quando da participação do primeiro-ministro na reunião do G7, marcado para 24 a 26 de agosto, em Biarritz (sudoeste da França).

O ainda presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reafirmou a Johnson, na quinta-feira, que o acordo de saída do Reino Unido já acordado é o único aceitável pela União Europeia, o que cria dificuldades ao pedido de reabertura do processo negocial.

Hoje, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus francesa alertou também para os riscos de uma tentativa de renegociação do acordo, sobretudo na questão sensível da fronteira irlandesa.

“Penso que devíamos evitar aparecer com soluções simplistas de que isto (o acordo) pode ser feito apenas acenando com a mão ou com um gesto de uma caneta”, disse Montchalin, citada por jornais britânicos.

Ainda assim, Montchalin reafirmou o desejo de estabelecer o diálogo com o Reino Unido, associando-se ao compromisso afirmado por Macron na conversa telefónica com Johnson, para “negociar com calma, em condições apaziguadas” as condições do divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia.

“Se não houver acordo, isso significa que não teremos uma relação de confiança com o Reino Unido”, concluiu a secretária de Estado francesa, dando o exemplo da Suíça ou da Noruega, dizendo que a União Europeia confia nesses países para relações comerciais, culturais e políticas, apesar de não integrarem a comunidade.

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