“Os recursos advindos do exterior em benefício do combate a esse momento que vivenciamos de queimadas serão bem-vindos, mas gostaria de reforçar que é essencial o entendimento de quem venha a promover essa doação de que a governança desses recursos, financeiros ou de reposição de materiais e ferramentas, é do Governo brasileiro”, disse Otávio Rêgo Barros, citado pelo portal de notícias UOL.
“Quaisquer que sejam os países que venham a cooperar connosco, que esses países tenham um alinhamento natural e aceitável com o nosso país, incluindo países da União Europeia, onde vemos preocupação com o meio ambiente”, acrescentou Rêgo Barros.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, admitiu na terça-feira apenas aceitar dinheiro do G7 (que junta os países mais industrializados do mundo) para combater incêndios na Amazónia se o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, retirar aquilo que considerou como insultos.
“Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que ele fez à minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. E depois (..) de que a nossa soberania está em aberto na Amazónia”, declarou o Presidente, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
“Para conversar, ou aceitar qualquer coisa da França, [mesmo] que tenha as melhores intenções do mundo, ele [Macron] vai ter que retirar estas palavras e, daí, a gente pode conversar (…) Primeiro ele retira, depois ele oferece, daí eu respondo”, acrescentou o Presidente brasileiro.
Na semana passada, o Governo francês disse que Bolsonaro havia mentido quando garantiu, na reunião do G20 – que juntou líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão – o compromisso em preservar o meio ambiente.
No entanto, o executivo brasileiro parece ter recuado nas exigências para aceitar a ajuda internacional, frisando, contudo, que a soberania do Governo tem de ser uma garantia.
“Qualquer líder que não seja o líder do nosso país, e que venha a fazer comentários sobre como o nosso Governo deve definir as nossas ações, deve entender que aqui existe governança que entende as suas próprias necessidades. Vamos receber recursos estrangeiros desde que seja analisado que a governança seja nossa”, declarou ainda o porta-voz.
Macron anunciou e levou o debate das queimadas na floresta Amazónica para discussão no G7, durante o fim de semana, que contou com os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.
O dirigente francês também anunciou que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater os incêndios na Amazónia.
Entre as ajudas financeiras oferecidas ao Brasil para ajudar no combate aos incêndios na Floresta Amazónia juntou-se na terça-feira a de 10 milhões de libras (cerca de 11 milhões de euros) por parte do Reino Unido, segundo o jornal O Globo.
A oferta foi feita numa conversa telefónica entre Dominic Raab, do Partido Conservador britânico, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
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