Arthur Monteiro, de cinco anos, passou por uma cirurgia na madrugada de hoje, mas continua com a bala que o atingiu alojada na cabeça, de acordo com o portal de notícias G1.

A criança e o pai jogavam futebol na noite de segunda-feira, no Morro de São João, na zona norte do Rio de Janeiro, quando agentes policiais que trabalhavam na área foram atacados por suspeitos de tráfico de drogas, tendo-se iniciado uma intensa troca de tiros.

Segundo disse a família da criança ao G1, o pai do menino tentou protegê-lo, tendo também sido atingido por um projétil, que atravessou a sua mão e ficou alojada na cabeça de Arthur Monteiro.

O pai do menino também foi transferido para o hospital, mas encontra-se estável.

A Polícia Civil declarou que vai investigar de onde partiu o tiro que atingiu o menor, mas até ao momento não há detenções relacionados com o caso.

Arthur Monteiro é a segunda criança a ser atingida por uma bala perdida este ano, no Rio de Janeiro, segundo os jornais locais.

No passado dia 10, uma menina de 08 anos morreu depois de ser atingida na cabeça por um projétil enquanto estava no sofá de sua casa, em Belford Roxo, na região da Baixada Fluminense.

Anna Carolina Neves chegou a ser levada para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

A Polícia Militar afirmou que não havia operações policiais a decorrer na região no momento em que a menina foi baleada, mas a família declarou que disparos foram ouvidos pouco antes de Anna Carolina ser atingida mortalmente.

Em 2019, a polícia do Rio de Janeiro matou 1.810 pessoas, um recorde de cinco mortes por dia e um aumento de 18% em relação ao ano anterior, informou o Instituto de Segurança Pública (ISP) daquela região.

Os dados foram divulgados na semana passada, e surgem após o atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que assumiu o cargo em 01 de janeiro de 2019, ter adotado uma forte retórica de combate ao crime, baseada no uso da violência.

Os homicídios causados pela polícia foram responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes violentas no Rio de Janeiro no ano passado, ou seja, um em cada três homicídios naquele estado foi causado por agentes policiais.

Apesar desse aumento, o número de mortes nas operações policiais vem diminuindo nos últimos meses, com 195 em julho, 173 em agosto, 154 em setembro, 144 em outubro, 135 em novembro e 124 em dezembro.

Contudo, os números também mostraram uma redução de cerca de 20% dos homicídios intencionais (excluindo casos de violência policial) no ano que passou, face ao registo de 2018.