A votação irá decidir quem governará 5.557 cidades brasileiras, número que exclui o Distrito Federal, onde a administração do território, incluindo a capital do país, Brasília, é exercida pelo governador, e também Macapá, capital do estado do Amapá, onde a votação foi adiada devido a problemas no abastecimento elétrico.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pela organização e fiscalização das eleições brasileiras informou que haverá cerca de 95 mil locais de votação e 401.950 secções eleitorais neste domingo.

Para entrar nos locais de votação, os brasileiros terão de usar máscara e respeitar o distanciamento social, tendo sido pedido aos eleitores que levem uma caneta para assinar a lista de presença. As autoridades garantem que haverá álcool gel disponível para uso antes e depois do voto nas urnas eletrónicas.

Haverá ainda um horário especial para as pessoas do chamado grupo de risco para a covid-19 votarem, como os idosos, das 7:00 às 10:00 da manhã (Brasília).

As urnas encerram às 17:00 em todos os locais de votação, apesar de o Brasil ter mais do que um fuso horário. Os resultados começarão a ser anunciados no encerramento das sessões, mas esta diferença não deve ter impacto na divulgação dos eleitos.

No Brasil, a escolha dos prefeitos (presidentes de câmara) e parlamentares municipais é feito a partir de um sistema de lista aberta no qual as vagas conquistadas pelo partido ou coligação partidária são ocupadas pelos candidatos mais votados. A votação em cada candidato pelo eleitor é o que determina a sua posição.

Em cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, em que o candidato mais votado não consiga atingir a metade dos votos válidos mais um (cálculo que exclui votos em branco e nulos) haverá a realização de uma segunda volta, no dia 29 de novembro.

Além dos cuidados com a pandemia, as autárquicas brasileiras deverão traçar um novo mapa político em que, pelo que as sondagens antecipam nas principais cidades e capitais dos estados, os vencedores tendem a manter-se distantes tanto do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, quanto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder de esquerda que influencia a principal força da oposição, o Partido dos Trabalhadores (PT).

Os favoritos nas 26 capitais regionais, de acordo com as últimas sondagens, são na maioria membros de partidos de centro-direita.

A possível preferência dos eleitores pelo centro político nas eleições municipais deste ano contrastam com o resultado das eleições de 2018, em que a direita conquistou não só a Presidência, mas também importantes governos regionais e muitos assentos no Congresso.

De acordo com as últimas sondagens, as candidaturas de pelo menos um representante de partidos de centro aparece na maioria das projeções de segunda volta nas maiores cidades do país e alguns candidatos centristas podem até vencer.

É o caso de Bruno Covas, que pretende ser reeleito prefeito de São Paulo, a maior cidade do país, pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, centro-direita), formação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Uma sondagem divulgada na quinta-feira pelo Datafolha mostrava que Covas tem 32% de favoritismo e que venceria qualquer rival em uma possível segundo volta, seguido pelo candidato de esquerda Guilherme Boulos, com 16% das intenções de voto, o candidato de extrema-direita Celso Russomano (14%), que tem apoio do Bolsonaro, e o candidato de centro-esquerda Márcio França (12%).

No Rio de Janeiro, em Salvador e em Curitiba, os candidatos do partido Democratas, de centro-direita, são os favoritos para vencer na primeira volta e também aparecem na frente de qualquer rival em cenários que projetam uma nova votação em 29 de novembro.

É o caso do candidato que lidera a corrida pela prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que tem 34% das intenções de voto, do candidato centrista Bruno Reis, com 61% de favoritismo em Salvador, capital do estado da Bahia, e Rafael Greca, com cerca de 43% das intenções de voto em Cutitiba, capital do estado do Paraná.

Em Belo Horizonte, terceira maior cidade do país, o prefeito Alexandre Kalil, do Partido Social Democrata (PSD) de centro-direita, tem 63% da intenção de votos e sua reeleição está praticamente garantida.

Algumas exceções ao domínio da centro-direita nas eleições são Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, onde as pesquisas são lideradas pela candidata de esquerda Manuela D’Ávila (27%), apoiada por Lula da Silva, e a cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará, onde o favorito é o capitão Wagner (39%), apoiado por Bolsonaro.