Numa declaração aos jornalistas, no parlamento, o deputado começou por dizer que a “saída desordenada do Reino Unido da União Europeia é um cenário muito indesejável mas, infelizmente, não era improvável, e, por isso mesmo, atempadamente o CDS propôs a existência de um plano de contingência que ajude, quer os cidadãos quer as empresas”.
Para o CDS, este “é o pior cenário quer para o Reino Unido, quer para a Europa, quer para Portugal, mas neste momento, muito aponta para aí”.
“No dia de hoje, nenhuma empresa sabe ao certo com o que é que pode contar, e nesse sentido está em condições pior do que ouras empresas com as quais está a competir, e isso deve-se a uma inação do Governo”, afirmou Pedro Mota Soares.
Por isso, na sua opinião, “há mais tempo que já devia ter apresentado um plano de contingência”, e, por isso, “o Governo tem estado mal, tem estado omisso relativamente a esta matéria”, dado que “só amanhã é que vai apresentar um conjunto de medidas para as empresas”.
Para o CDS, isso “é francamente tarde” e causa “uma grande preocupação”.
“Já estamos a sentir muita turbulência antes da realização de qualquer cenário e portanto, perante esta turbulência, o Governo tem uma obrigação de proteção quer dos portugueses que estão no Reino Unido, quer das empresas que já estão a ser afetadas por este mesmo cenário. E isso implicava fazer atempadamente o trabalho, coisa que o Governo não fez”, apontou.
Mota Soares considerou também que “hoje, um português que estejam no Reino Unido ainda não sabe na totalidade aquilo que vai acontecer, e com que apoios é que pode contar”, e que “uma empresa portuguesa que esteja a exportar para o reino Unido ainda não sabe que apoios é que vai ter do Estado num cenário em que, existindo uma dificuldade, as suas vendas vão cair”.
Assim, o centrista advogou que “estão bem os países que fizeram o seu trabalho de casa a tempo”.
“Ao longo do último ano, o CDS foi avisando para a probabilidade de existir uma saída nestes termos, e a verdade é que o Governo evitou sempre dar respostas, evitou sempre fazer um plano de contingência para ajudar os portugueses que estão neste momento no Reino Unido e para ajudar as empresas que estão a exportar, e muito, para o Reino Unido”, assinalou, apontando que o partido fez “o trabalho de casa”.
O parlamento britânico reprovou na terça-feira, de forma expressiva, o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo da primeira-ministra Theresa May com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor.
Uma desvantagem de 230 votos, sendo que 118 dos votos contra foram de deputados do próprio partido Conservador da primeira-ministra Theresa May.
Após ser conhecida a derrota do Governo conservador de Theresa May, o líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, apresentou na câmara baixa do Parlamento uma moção de censura contra o executivo que será debatida e votada na quarta-feira e que, a ser aprovada, poderá desencadear a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Para ser bem-sucedida, uma moção de censura precisa de pelo menos 320 votos a favor, mas a oposição ocupa apenas 308 lugares dos 650 da Câmara dos Comuns, pelo que terá de conseguir o apoio de outros deputados.
Com o chumbo, a dois meses e meio da data [29 de março] prevista para a saída, já esperado por políticos, imprensa e analistas, o processo fica com um futuro incerto.
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