A exigência foi feita durante uma viagem a Loon-Plage, no Mar do Norte, dedicada ao tema dos migrantes, em que o ministro francês aproveitou para também apelar ao Governo britânico a “manter a sua promessa” de financiamento na luta contra o tráfico de pessoas na costa francesa.

“Precisamos de negociar um tratado, já que o senhor Barnier [chefe da ‘task force’ pós Brexit para as relações entre a Comissão Europeia e o Reino Unido] não o fez quando negociou o Brexit, que nos vincula em questões de migração”, defendeu o governante francês.

Segundo Gérald Darmanin, a França irá levar este projeto a cabo quando ocupar a presidência semestral da União Europeia, a partir de janeiro de 2022.

A questão das travessias de migrantes é uma questão que gera frequentemente atrito entre os dois países, que recentemente assumiu também a questão financeira.

“O Governo [do Reino Unido] ainda não pagou o que nos prometeu”, criticou Darmanin, acrescentando: “Pedimos aos britânicos que mantenham a sua promessa de financiamento, já que mantemos a fronteira para eles”.

O Reino Unido comprometeu-se no final de julho a pagar à França 62,7 milhões de euros em 2021-2022 para financiar o reforço da aplicação da lei francesa na costa.

De acordo com a imprensa britânica, o ministro do Interior britânico, Priti Patel, ameaçou, no entanto, no início de setembro, não pagar esta quantia, face ao recorde de chegadas de migrantes que atravessam ilegalmente o Canal da Mancha.

“Há mais de 20 anos que a França mantém a fronteira para os nossos amigos britânicos”, insistiu o ministro francês.

Lembrou que “foram contratados também polícias” e “adquiridos meios tecnológicos para vigiar esta fronteira”.

“Conseguimos reduzir muito a pressão migratória”, sublinhou.

Disse também que a França era “uma aliada da Grã-Bretanha”, mas “não seu vassalo”.

“Estamos lá para fazer fronteira, é verdade. Mas devemos fazê-lo em complementaridade com os nossos amigos britânicos”, acrescentou.

Segundo o ministro francês, as apreensões de embarcações ilegais aumentaram de “50% para 65%” nos últimos três meses, um número que poderia chegar aos 100% se o Reino Unido continuar a ajudar.

Darmanin disse ainda que recebeu a garantia do diretor da agência europeia de vigilância de fronteiras, Frontex, de que esse organismo estaria “lá” “no final do ano” para ajudar a monitorizar a área, em particular através de vigilância aérea.