O estudo foi feito pela Universidade Católica do Porto para a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade Social (CNIS) e demonstra que as IPSS têm uma forte implementação no território nacional.

“Conclui-se que cada euro que uma IPSS capta para o seu concelho é multiplicado por 4,218 na economia desse território”, lê-se no estudo.

Para chegarem a esta conclusão, os responsáveis pela elaboração do trabalho recolheram dados junto de 44 IPSS de 14 distritos e de todas as formas jurídicas, já que o termo IPSS aqui inclui também as associações mutualistas e as instituições equiparadas a IPSS, como as cooperativas de responsabilidade social e as Casas do Povo.

A explicação está no facto de aquele valor “ficar a circular dentro da economia do concelho ao ser utilizado para pagar remunerações a trabalhadores da IPSS que vivem no concelho e para comprar bens e serviços a empresas do concelho”.

O estudo destaca que “a principal faceta da importância económica e social das IPSS” está em fornecerem bens e serviços a pessoas que “não podem pagar por eles um preço que cubra o respetivo custo”, revelando que o valor pago pelos utentes corresponde, em média, a 31,7% dos rendimentos das instituições.

“Assim sendo, por cada euro que um utente consegue pagar, uma IPSS tem que arranjar mais dois euros”, refere o estudo, acrescentando que foram analisados dados referentes a 553 instituições.

Por outro lado, a comparticipação do Estado ao setor solidário corresponde a 46,12% do total dos rendimentos destes organismos, sendo que 38,75% vem do Instituto da Segurança Social, 6,59% é proveniente de outras entidades da administração central e 0,78% das autarquias locais.

“Os gastos de pessoal são, de longe, a principal componente dos custos das IPSS, onde representam 58,41%, muito acima do que acontece não só nas sociedades não financeiras (14,16%), mas também nas entidades com fins lucrativos prestadoras de serviços de apoio social (entre 43,4% e 45,4%)”, refere o estudo.

Dependem também de trabalho voluntário, sobretudo nos órgãos sociais, para apoio administrativo ou colaboração nos vários serviços.

Mais de 40% de 565 IPSS analisadas apresentaram resultados líquidos negativos em 2016, mas apesar disso, “a grande maioria é solvível, tem bons níveis de liquidez e baixas taxas de endividamento, bem melhores do que no setor das sociedades não financeiras”.

Sublinha que estas organizações só podem cobrar aos seus utentes valores que eles tenham capacidade de pagar, o que faz com que esses valores estejam abaixo dos preços necessários para cobrir os custos.

“As IPSS precisam de recorrer a financiamento público e a doações para cobrirem a diferença entre o que os utentes pagam e os custos que têm de suportar”, lê-se.

Analisando o impacto territorial das IPSS, constatou-se que em mais de 70% das 2.882 freguesias do país há equipamentos sociais para crianças e idosos, o que demonstra a importância económica e social das IPSS na sua faceta de “oferta de proximidade”.

“Em 27,16% do número total de freguesias do continente, as IPSS são as únicas entidades que lá têm equipamentos para crianças e idosos”, refere o estudo.