À agência Lusa, a autarquia liderada por Cidália Ferreira informa que a aquisição será concretizada “assim que estejam formalizadas todas as questões com o atual proprietário, o banco Millennium BCP”.

Quanto à finalidade do espaço, ainda não está definida, mas a Câmara defende que a mesma deve “ser alvo de discussão ampla e alargada antes de qualquer decisão”, segundo uma resposta escrita enviada à agência Lusa.

Porém, assinala que “não será alheia a esta discussão a possibilidade de encontrar uma solução que possa beneficiar de financiamento comunitário, nomeadamente através de instrumentos disponíveis para reabilitação urbana nos centros tradicionais/históricos”.

“A aquisição é o primeiro passo e é essencial para devolver ao património público este espaço que podemos dizer que é o berço da Marinha Grande moderna e industrial”, adianta o Município, justificando a compra com a “importância histórica e patrimonial e posição estratégica no centro da cidade, em plena área de reabilitação urbana”.

Segundo a mesma informação, o atual executivo e o anterior, liderados pelo PS, acreditam que “este espaço é fundamental para alavancar o processo de reabilitação do Centro Tradicional e dinamização do mesmo, revertendo, assim, o processo de declínio acentuado nos últimos anos”.

“Este imóvel foi a Real Fábrica de Vidros e, posteriormente, a Fábrica Escola Irmãos Stephens, enquanto propriedade pública do Estado. Os restantes imóveis que complementaram a fábrica (hoje a Biblioteca, o Museu do Vidro e a Casa da Cultura - Teatro Stephens) são património classificado de interesse público”, destaca a autarquia, considerando ser “fundamental que o que quer que ali venha a ser implantado não apenas honre esse passado histórico como o perpetue e celebre, oferecendo ainda à Cidade novos espaços que sirvam às suas necessidades atuais”.

À agência Lusa, a coordenadora Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV), Etelvina Rosa, disse que gostaria de ver no imóvel algo que chegou a ser sugerido ao Município após a insolvência da Jorgen Mortensen.

“Enquanto sindicato, gostaríamos que ali fosse um centro de ciência viva com funcionamento permanente, para mostrar ao público as técnicas de fabrico do vidro, o que seria também o mais lógico e justo”, declarou Etelvina Rosa.

A sindicalista ressalvou que “o espaço não deveria ter por base a fábrica Mortensen, que esteve ali meia dúzia de anos, mas o que foram as instalações da primeira fábrica de vidro na Marinha Grande, a Stephens”.

“O importante é manter vivo o legado Stephens, que é também a História da Marinha Grande, e mostrar a sua importância para a indústria, para a região e para a população, e que poderia ser um complemento ao Museu do Vidro”, acrescentou.

De acordo com informação do STIV, a cristaleira Jorgen Mortensen foi declarada insolvente em 2005, quando teria cerca de 100 trabalhadores que, “entre salários em atraso e indemnizações”, teriam direito a um valor global de 1,3 Milhões de euros.

Contudo, recorda hoje o STIV, os trabalhadores “não receberam qualquer valor da massa insolvente, pois em nome de Jorgen Mortensen só existia o vidro em ‘stock’”.