“A Câmara de Oeiras gostaria de ser acionista da Carris. Aliás, há todas as razões para o município de Oeiras ser acionista da Carris, porque temos os ónus, mas não temos os benefícios, isto é: temos o estaleiro dos autocarros em Miraflores, mas não temos os elétricos em Miraflores, não temos autocarros que podíamos ter naquela zona”, declarou o independente Isaltino Morais.
Numa cerimónia de inauguração dos novos elétricos articulados da Carris, na Estação de Santo Amaro, na freguesia lisboeta de Alcântara, o autarca de Oeiras desafiou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), a alargar a influência da Carris, no sentido de reforçar a cooperação entre os dois municípios.
O presidente da Câmara de Oeiras destacou a aposta no LIOS — Linha Intermodal Sustentável, projeto de metro ligeiro de superfície que interligará Alcântara (Lisboa) e Cruz Quebrada (Oeiras), e no BRT — Autocarro de Transporte Rápido, que deverá assegurar a ligação entre Algés (Oeiras) e a rede metropolitana, por exemplo, para a Amadora.
Lembrando a concorrência entre Carris Metropolitana (iniciativa dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa), Carris e outros operadores de transporte, Isaltino Morais considerou que se podia “ir muito mais longe” na integração entre todas as empresas.
Sem responder diretamente ao desafio lançado pelo autarca de Oeiras, o presidente da Câmara de Lisboa realçou o trabalho conjunto entre os dois municípios e reforçou que a concretização do LIOS depende dessa união, a que se junta o Metropolitano de Lisboa.
“Esse é o grande projeto do nosso futuro: é conseguir o LIOS”, frisou Carlos Moedas, explicando que existem dois, mas é o projeto do lado de Oeiras que “está mais maduro”, pelo que se pretende “investir rapidamente”, mas para isso há algumas partes técnicas que ainda têm de avançar.
O outro LIOS deverá ser entre Santa Apolónia (Lisboa) e Sacavém (Loures).
Sobre o tema da mobilidade sustentável, o autarca de Lisboa lamentou a fricção que existe, após ter recebido críticas por ter começado o dia com uma deslocação em bicicleta.
“Temos de tirar a política da área da mobilidade e fazer política pública dentro da mobilidade. Menos ideologia e mais concreto”, defendeu Carlos Moedas, destacando a escolha de Lisboa para integrar o programa da União Europeia “Missão 100 cidades com impacto neutro no clima e inteligentes até 2030”.
O social-democrata enalteceu o investimento previsto da Carris de 170 milhões de euros para a renovação da frota até 2026, considerando que “é importantíssimo para o futuro da mobilidade” e para chegar a 2026 com 80% da frota amiga do ambiente.
“Só mudamos em termos de clima, em termos de sustentabilidade, se isso for visível no bolso das pessoas”, expôs o autarca do PSD, recordando a aposta de Lisboa nos transportes públicos gratuitos para os menores de 23 e maiores de 65 anos como um “incentivo positivo”.
Contra a fricção no tema da mobilidade, o presidente da Câmara de Oeiras referiu que é preciso criar condições para todos, nomeadamente para os peões, para quem anda de bicicleta, para quem anda de transportes públicos e para quem anda de transporte individual.
“Todos os modos de transporte têm que ser usados, conciliados, e vencerá aquele que naturalmente for o mais amigo do ambiente, isto é o transporte público, tendencialmente elétrico”, indicou Isaltino Morais.
A Carris é responsável pelo serviço de transporte público urbano de superfície de passageiros na cidade de Lisboa, sendo, desde 1 de fevereiro de 2017, gerida pela Câmara Municipal de Lisboa.
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