"Não há cadernos eleitorais dos FTDC em todos os outros concelhos, além de Gaia. Até esta hora os presidentes de concelhia não receberam qualquer caderno eleitoral referentes aos FTDC", disse à Lusa Fernando Peres, contradizendo o presidente da mesa distrital, que afirmou que a exclusão dos cadernos eleitorais abrange apenas os militantes da Juventude Popular (JP) e da FTDC de Gaia.

O mandatário de Fernando Barbosa, que defronta Cecília Meireles nas eleições para a liderança da distrital do Porto do CDS, reagia ao comunicado do presidente da Mesa do Plenário Distrital, Henrique Campos Cunha, que anunciou hoje a decisão de não incluir nos cadernos eleitorais das eleições naquela distrital os delegados apresentados pela JP e pela FTDC de Vila Nova de Gaia.

"É a primeira vez na história do CDS que listas de organismos autónomos são recusadas a votação", afirmou Fernando Peres.

O mandatário de Fernando Barbosa acusou ainda Campos Cunha de só ter entregue os cadernos eleitorais na sexta-feira e de disponibilizar apenas duas mesas de voto em Gaia: "Sempre houve três mesas em Gaia. Isto é querer que os militantes votem ou é querer que as pessoas cheguem lá e vejam filas grandes e vão embora para casa?", questionou.

"Sentimos desde o início deste processo que existe uma força que nos tenta cercar, que nos tenta violentar, que não nos deixa fazer a nossa campanha", acusou Fernando Peres, argumentando que tal acontece "perante a passividade da direção nacional e da secretaria-geral" do partido.

Hoje, em comunicado, a Mesa do Plenário alegou que os delegados apresentados pela JP e a FTDC são simultaneamente militantes no concelho de Gaia que ainda não têm capacidade eleitoral, por terem menos de três meses de militância, e que a JP "não confirmou, em tempo útil e através dos respetivos órgãos, a legalidade do processo de designação de tais delegados" (o qual foi objeto de impugnação ainda não apreciada)", nem apresentou "a documentação necessária".

Na sequência desta decisão, a Juventude Popular não vai reconhecer as eleições para a distrital do Porto do CDS-PP, de acordo com uma carta que foi enviada à secretaria-geral do partido, ao presidente da Mesa do Plenário Distrital, Henrique Campos Cunha, e às candidaturas de Cecília Meireles e de Fernando Barbosa.

Contactado pela Lusa, o presidente da JP, Francisco Rodrigues dos Santos, recusou fazer quaisquer declarações por se tratar de um "assunto do foro interno do partido", referindo apenas que as conclusões da reunião da comissão política nacional da JP que se realizou na noite de quinta-feira e madrugada de hoje no Porto serão comunicadas à direção nacional do CDS-PP.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, lê-se que a JP decidiu, por unanimidade, "não reconhecer o ato eleitoral para a distrital do Porto do CDS a realizar no próximo dia 16 de junho" e "apelar à desmobilização dos militantes da JP que se encontrem possibilitados de exercer o seu direito de voto, bem como à renúncia das candidaturas individuais no caso em que as mesmas tenham lugar".

Na missiva, elaborada na sequência da reunião da comissão política nacional daquela juventude partidária alargada a presidentes de concelhia e da distrital, a JP solidariza-se com os seus militantes que considera terem sido "irregularmente impedidos de votar por um órgão incompetente para proferir tal decisão".

Na carta hoje enviada, a JP assegura que, de acordo com os dados recolhidos pela sua secretaria-geral, "todos os delegados da JP ao plenário distrital do CDS-PP reúnem os devidos requisitos legais, até decisão contrária a proferir pelos órgãos jurisdicionais competentes da JP".

"A recusa da transcrição integral da listagem dos delegados da JP de Vila Nova de Gaia constituiu uma ingerência do CDS-PP na vida interna da JP, numa desrespeitosa violação do estatuto de autonomia da JP e um inédito ataque perpetrado sobre a confiança e boa-fé no cumprimento dos acordos assumidos entre o CDS e a JP", lê-se na missiva.

A JP decidiu ainda pedir a "intervenção da direção nacional do CDS-PP, dada a grave abertura de precedente dos atos do presidente de plenário distrital do Porto do CDS-PP", conforme consta da carta.