Em carta aberta remetida ao Ministério do Ambiente e Energia, Fernando Camelo Almeida – que foi eleito pelo CDS-PP, mas entretanto se desvinculou do partido – justifica a sua tomada de posição com o recente anúncio de obras na Figueira da Foz e a ausência de medidas para Ovar, que a comunidade científica aponta como uma das regiões da Europa onde o avanço do mar é mais preocupante.
Referindo-se em concreto à situação crítica das praias de Furadouro, Maceda e Ovar, o deputado vareiro diz a Maria da Graça Carvalho: “As medidas previstas para as nossas praias pecam por tardias e apenas dizem respeito a obras de reforço da proteção da costa, continuando a faltar um compromisso por parte do Governo para uma intervenção de fundo de real combate ao avanço do mar”.
Confessando-se “surpreendido com o anúncio feito pela ministra relativamente a um investimento de 28 milhões de euros na Figueira da Foz”, Fernando Camelo Almeida explica: “Esperava que, simultaneamente, fosse anunciada a intervenção tão ansiada por todos os vareiros nas praias do concelho de Ovar”
O deputado da Assembleia Municipal realça que, sem uma intervenção do Estado, o problema do aterro sanitário do pinhal de Maceda “poderá resultar num desastre ambiental”, já que essa lixeira está enterrada no topo de uma falésia que todos os anos perde árvores e solo para a força das ondas e os resíduos soterrados podem acabar expostos na praia.
“Este problema arrasta-se há imenso tempo, com promessas eleitorais de sucessivos governos, mas sem qualquer solução. Entretanto, o mar tem avançado muito rapidamente e o areal tem vindo a desaparecer, colocando pessoas e bens em risco, e provocando efeitos nefastos na economia local”, declara Fernando Camelo Almeida.
O deputado questiona assim Maria da Graça Carvalho sobre os seus planos para “uma intervenção de fundo nas praias de Ovar que não se limite apenas à proteção da costa” e pede à ministra “informação concreta”.
“Cá por Ovar já estamos cansados de ser iludidos por vários governos e, neste momento, só queremos respostas concretas ao nosso maior problema. Nada tenho contra o investimento anunciado para a Figueira da Foz, mas não consigo compreender como é possível ter deixado o Município de Ovar de fora”, conclui o eleito local.
A Lusa contactou o Ministério do Ambiente, solicitando comentário à carta e indicação das intervenções previstas para travar a erosão costeira em Ovar, mas não obteve qualquer resposta.
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