"Ele fala por si, e não em nome do Governo, sobre política externa", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.

Desde que integrou a equipa jurídica do Presidente dos Estados Unidos, o antigo presidente da câmara de Nova Iorque tem feito várias declarações polémicas, não apenas sobre as investigações em torno do Presidente e da eventual ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016, como sobre o pagamento efetuado à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, no âmbito de um acordo de confidencialidade, mas também sobre política externa e interna da administração norte-americana.

“Temos [o líder norte-coreano] Kim Jong-un suficientemente impressionado para libertar três prisioneiros hoje", disse Giuliani, numa entrevista ao programa Fox and Friends, do canal conservador Fox News, na semana passada.

No sábado, Giuliani causou ainda mais apreensão na Casa Branca, quando afirmou que o Presidente estava "comprometido" com a mudança de regime no Irão, durante um discurso na sede da Organização das Comunidades Iranianas-Americanas, associado ao grupo exilado iraniano chamado Mujahedeen-e-Khalq, considerado um grupo terrorista pelos EUA até 2012.

Esta e outras declarações de Giuliani fizeram a administração Trump estabelecer barreiras e afirmar que ele não fala em nome da administração.

Nas próximas semanas, Donald Trump tem decisões importantes a tomar, por exemplo sobre a continuidade ou não dos Estados Unidos no acordo nuclear com o Irão, assinado pelas principais potências mundiais em 2015, enquanto está também a preparar a histórica cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, visando a desnuclearização da península coreana, que deverá realizar-se em meados de junho, em Singapura.

Por causa dos seus comentários desconcertantes e, por vezes, contraditórios em relação às declarações de Trump, o Presidente está mesmo a ponderar proibir Giuliani de emitir declarações públicas, sobretudo em entrevistas televisivas, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, questionada na semana passada sobre se os poderes dados por Trump a Giuliani incluíam a política externa, respondeu simplesmente: "Que eu saiba, não".

Embora Giuliani tendo sido contratado por Trump para tratar de questões legais, é sabido que aconselhou o Presidente sobre questões políticas no passado, tendo o seu nome sido mesmo equacionado para o lugar de secretário de Estado.

Giuliani é o último de uma longa lista de aliados do Presidente que a opinião pública e os órgãos de comunicação social têm dúvidas sobre se falam, ou não, em nome de Trump.

Muitos apresentadores de televisão e jornalistas conservadores recebem informações privilegiadas de Donald Trump. É o caso dos apresentadores do programa Fox and Friends, da Fox News, que Trump elogia muitas vezes na sua página oficial Twitter, e também de Sean Hannity, apresentador do canal Fox News, que com ele partilha o mesmo advogado, Michael Cohen.

“É um tipo fantástico, mas começou há um dia”, disse o governante, depois de Giuliani ter publicamente afirmado o contrário de Trump sobre o pagamento à atriz pornográfica Stormy Daniels.

Na entrevista à Fox News, o ex-autarca nova-iorquino disse que Trump sabia do pagamento efetuado pelo advogado Michael Cohen à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, no âmbito de um acordo de confidencialidade, e que teria posteriormente reembolsado o advogado - exatamente o contrário do que Trump sustentara.

Em seguida, à estação televisiva ABC – e depois de Trump ter dito que ele se expressara de forma pouco precisa –, o advogado negou que o chefe de Estado soubesse do pagamento à atriz de filmes pornográficos.

Stormy Daniels e Trump enfrentam-se num processo judicial desde que, no princípio do ano, foi publicado na imprensa que Cohen fez um pagamento à atriz antes das presidenciais norte-americanas, em 2016.

Daniels alega ter tido relações sexuais com Trump em 2006, já ele era casado com a atual primeira-dama, Melania Trump.

A transação pode configurar violação das leis norte-americanas sobre financiamento eleitoral, caso se considere que o pagamento teve como finalidade manter a imagem de Trump como candidato, num momento especialmente delicado da campanha.

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