Ferro Rodrigues "transmitiu o seu empenho, e da Assembleia da República, no reforço das relações entre os dois Estados, nomeadamente através da Assembleia da República de Portugal e do Congresso dos Deputados de Espanha", indica uma nota sobre a audiência concedida ao embaixador Eduardo Gutiérrez Sáenz de Buruaga, divulgada pelo gabinete do presidente da AR.
Na ocasião, Ferro Rodrigues transmitiu ainda "a sua posição, de respeito pela Constituição Espanhola e defesa do Estado de Direito Democrático e do regular funcionamento das instituições".
O embaixador espanhol em Lisboa escusou-se a prestar declarações à imprensa no final. O encontro surge dois dias depois de o Governo espanhol ter assumido, na sexta-feira, o controlo do governo regional da Catalunha, na sequência de uma declaração unilateral de independência rejeitada por Madrid.
O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupavam.
Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155.º da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
O presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse que não aceitaria o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma “oposição democrática”, numa declaração em que se assumiu como líder de um país independente que pertence ao clube europeu.
“Continuamos a trabalhar para conseguirmos um país [Catalunha] livre” do domínio espanhol, afirmou o líder separatista catalão, assegurando que rejeita a utilização da “força”.
Puigdemont e outros elementos do governo regional enfrentam processos penais pelos crimes de "sedição" e "rebelião", incorrendo em penas até 30 anos de prisão.
A partir de agora, cada ministério governamental de Madrid irá dirigir os correspondentes serviços regionais, tendo o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, delegado na sua vice-presidente, Soraya Sáenz de Santamaria, as funções e competências do presidente do governo da Catalunha cessante, Carles Puigdemont.
O Governo regional agora demitido por Madrid, apoiado desde 2015 por uma maioria parlamentar de partidos separatistas, organizou e realizou um referendo, considerado ilegal pelo Estado espanhol, em 01 de outubro último.
Nesse dia, numa votação com uma taxa de participação de 43% dos eleitores, votaram “sim” à independência 90% e os “constitucionalistas” (defensores da união com Espanha) boicotaram a consulta, ficando em casa.
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