A líder do Cidadãos, Inés Arrimadas, que venceu hoje as eleições na Catalunha, prometeu lutar contra a “lei eleitoral injusta”, enquanto o presidente do seu partido defendeu que ela “deveria ser a presidente” da Catalunha.

Na sua intervenção perante os apoiantes, Arrimadas condenou o que disse ser a “lei eleitoral injusta”, que “dá mais lugares a quem tem menos votos” na rua, prometendo lutar contra esta lei. Questionada se se vê como presidente do governo catalão, Inés Arrimadas, respondeu que, se a lei eleitoral fosse diferente, encararia essa hipótese de forma realista.

Ao conquistar 37 lugares no parlamento catalão, o Cidadãos tornou-se o primeiro partido constitucionalista (contra a independência da Catalunha) a vencer eleições autonómicas na Catalunha. Também o presidente do Cidadãos (direita liberal), Albert Rivera, defendeu que a cabeça de lista a estas eleições “deveria ser a presidente da Catalunha”, porque foi quem mais votos e lugares conquistou.

“A vitória de hoje não é do Cidadãos. É da Catalunha, de Espanha e da Europa”, declarou.

O líder do Cidadãos lamentou ainda que não seja possível juntar-se com os outros partidos constitucionalistas. “Nós não podemos fazer mais, ganhámos em votos e lugares”, afirmou.

Os partidos independentistas conseguiram renovar a maioria absoluta no parlamento, com a formação encabeçada pelo ex-presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, a ficar em segundo lugar (34 lugares). Num discurso feito a partir de Bruxelas, Carles Puigdemont assumiu a vitória do bloco independentista, apesar de o seu partido, o Junts per Catalunya, ter ficado em segundo lugar. “Que tomem nota, o Estado espanhol foi derrotado”. O chefe do governo espanhol Mariano “Rajoy e sua aliança perderam e receberam uma bofetada dos catalãos”, afirmou.

A Esquerda Republicana Catalã, de Oriol Junqueras, anterior vice-presidente da Generalitat, tem 32 assentos, seguindo-se os socialistas catalães com 17 eleitos, o CatComú – Podem, com oito eleitos.

A número dois da Esquerda Republicana Catalã (ERC), Marta Rovira, afirmou que os catalães votaram "república" e "contra o 155", apesar do seu partido, com 32 deputados eleitos e 21,40% não ter ganho a eleição tal como esperava.

Rovira, que falava na sede eleitoral da ERC, reconheceu a vitória "em lugares e votos" do Cidadãos e que o seu partido não conseguiu ser a formação independentista mais votada, uma vez que o Junts per Catalunya, do ex-presidente da Generalitat, elegeu mais dois deputados, ainda que as duas formações tenham alcançado percentagens muito semelhantes.

"Os resultados dizem-nos que existe uma soma independentista e republicana, e que voltámos a ganhar as eleições apesar da ofensiva policial, judicial e da imprensa e ainda apesar de meio governo estar na prisão e a outra metade no exílio", salientou.

Xavier Domènech,  o cabeça de lista do Catalunya en Comú-Podem - a formação política, que representa o Podemos (esquerda) na Catalunha - admitiu que os oito deputados regionais obtidos nas eleições catalãs não “foi o resultado esperado” e prometeu ser oposição.

O Catalunya en Comú-Podem é favorável à manutenção da unidade espanhola mas defendeu o direito dos catalães a terem um referendo legal e constitucional, colocando-se numa posição única no cenário político-partidário da região. Nas eleições desta quinta-feira, perdeu três lugares em relação às eleições anteriores.

O líder nacional do Podemos, Pablo Iglesias, lamentou os resultados da formação na região e disse que quem ganhou foi a “direita e o bloqueio”, numa referência à vitória do Cidadãos (direita liberal) e à maioria independentista no parlamento.

Numa série de publicações na rede de mensagens Twitter, Iglesias mostrou-se “orgulhoso de Xavier Domènech e de Catalunya En Comú por defender os direitos sociais, o diálogo e a democracia. Somos oposição e futuro”.

Quando estão contabilizados 99,6% dos votos, o Cidadãos (direita liberal), liderado por Inés Arrimadas, obtém 37 lugares no parlamento catalão, enquanto o Junts per Catalunya, do ex-presidente do Governo regional (Generalitat) elege 34 deputados.
A Esquerda Republicana Catalã, de Oriol Junqueras, anterior vice-presidente da Generalitat, tem 32 assentos, seguindo-se os socialistas catalães com 17 eleitos, o CatComú – Podem, com oito eleitos. A Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda) elege quatro e o Partido Popular Catalão obteve três.

No total, o bloco independentista obteve 70 dos 135 lugares do parlamento catalão.

A participação nas eleições na Catalunha alcançou um valor histórico, com mais de 81% dos cidadãos catalães a ir às urnas, numa votação fortemente polarizada.

Todos os analistas consideram que esta sondagem dá uma imagem idêntica ao que tem sido noticiado nos últimos dias, mas insistem em pedir muita prudência com esta sondagem, visto tratar de uma consulta feita pelo telefone.

No dia 1 de outubro a região autónoma da Catalunha foi a votos, num referendo organizado pelo governo da Generalitat, liderado pelo separatista Carles Puigdemont. O sufrágio foi desmantelado pela polícia espanhola e considerado ilegal pelo governo de Madrid.

Puigdemont, ainda assim, reconheceu os resultados, que davam a vitória ao "sim" — à saída da Espanha monárquica, à criação de uma república independente.

O referendo, defendem Madrid e os tribunais espanhóis, foi inconstitucional. Mesmo assim, Puigdemont declarou unilateralmente a independência da Catalunha, tendo-a suspendido segundos depois, dando tempo para um diálogo com o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy.

Os prazos esgotaram-se. O parlamento catalão votou e aprovou a independência da região, com capital em Barcelona. Tal ato espoletou a aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola, que limitou a autonomia da Catalunha e a marcação destas eleições antecipadas.

Desde então que Puigdemont saiu da região e esconde-se em Bruxelas, de onde passou a liderar a campanha. Uma campanha em exílio, com vários líderes políticos separatistas presos em Espanha, outros fugidos e a autonomia suspensa.