“Nós estamos muito preocupados com a situação do Garcia de Orta. É um hospital a que têm faltado muitos profissionais e que tem recorrido à prestação de serviços e, portanto, tem tido muita dificuldade em fazer as suas equipas”, disse Catarina Martins, que considerou o recurso a médicos em regime de prestação de serviços uma forma de privatização parcial do Serviço Nacional de Saúde.
“Para nós é absolutamente urgente que hospitais como o Garcia de Orta possam contratar, de forma permanente, os profissionais de que precisam – médicos e não só -, porque é a única forma de ter estabilidade nas equipas”, acrescentou a coordenadora do Bloco durante uma ação de pré-campanha eleitoral nas Festas da Moita, no distrito de Setúbal.
Catarina Martins adiantou que o BE vai pedir esclarecimentos sobre as demissões, mas sublinhou que o problema da falta de médicos no Hospital Garcia de Orta, em Almada, “já está diagnosticado há muito tempo”.
“Achamos que o que está a acontecer é sintoma de se estar a atrasar a necessidade absoluta de médicos. E estar sempre a recorrer a empresas de prestação de serviços quando faltam médicos é uma forma de ir privatizando partes do Serviço Nacional de Saúde, de o tornar mais desregrado, com menos coerência entre si, de o fragilizar”, disse.
“Voltamos a chamar à atenção: há tantos hospitais deste país que estão à espera de autorização para contratar os médicos de que precisam”, frisou Catarina Martins.
Dez chefes de equipa de urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, demitiram-se hoje, segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).
“Hoje demitiram-se 10 chefes de equipa de urgência do Hospital Garcia de Orta e outros tantos internistas que exercem funções no Serviço de Urgência demitiram-se em bloco, em carta enviada ao Conselho de Administração”, refere a SPMI, em comunicado enviado às redações.
Contactado pela agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, confirmou que “os chefes de equipa de Medicina apresentaram a demissão por insuficiência de recursos humanos”.
Após o comunicado da SPMI, a dar conta das demissões, em nota enviada na noite de hoje à Lusa, o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta refere que um grupo de chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral enviou hoje “uma carta ao Conselho de Administração, alertando para alguns problemas internos inerentes” àquele serviço, na qual “também fazia referência à possibilidade de demissão”.
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