Em declarações à agência Lusa, o eurodeputado afirmou que “seria tão absurdo, seria tão contrário aos valores democráticos que o CDS sempre praticou, retirar-se aos militantes, através dos delegados ao congresso, a possibilidade de se pronunciarem nesse congresso que já está marcado sobre aquilo para que foram convocados”, considerando que “seria um ato inominável”.
“A possibilidade de a direção ir a votos em eleições legislativas recusando-se a ir a votos no congresso perante os próprios militantes, congresso que já está marcado, com convocatórias enviadas, seria, pela absoluta ilegitimidade, incompreensível e inaceitável, e eu não me passa sequer pela cabeça que isso pudesse suceder”, criticou.
O candidato à liderança do CDS-PP salientou que está em causa “decidir não só a estratégia para o próximo ciclo político em eleições legislativas, como a liderança que deverá estar legitimada para o fazer”, recusando que “algum expediente fosse lançado para que o congresso não se realizasse”.
Na sua ótica, isso “seria uma distorção democrática tal, seria uma decisão tão absurda, que não só o partido não compreenderia, como o país certamente dificilmente aceitaria e veria com muitos maus olhos quem lhe passasse sequer pela cabeça uma ideia tão peregrina, porque resultaria na distorção de qualquer réstia de impulso democrático”.
Nuno Melo afirma não aceitar que “outra coisa possa suceder que não a realização do congresso numa data que data dará tempo, se for caso disso, para preparar as próximas eleições legislativas”, qualquer que seja o próximo presidente do CDS-PP, defendeu.
O eurodeputado disse estar preparado para disputar a liderança no congresso e que está “muito convencido e muito confiante no resultado desse congresso”, pois tem “recolhido apoios de norte a sul, Açores e Madeira” que acredita representarem uma “expressiva maioria”.
E deixou um desafio diretamente ao atual presidente do partido e recandidato à liderança: “Vamos a votos”.
Nuno Melo considerou também que “o anúncio do chumbo do Orçamento do Estado por parte do PCP tem significado muito claro, que a fórmula que António Costa dizia que era estável e duradoura à esquerda, com partidos que fizeram a geringonça desde 2015, falha”.
No entanto, o eurodeputado recusou “dar para já como líquido que o chumbo do orçamento aconteça, tendo em conta outras possibilidades, entre elas a disponibilidade agora manifestada pelo Bloco de Esquerda de reavaliar a sua posição”.
O 29.º Congresso do CDS-PP, que vai decorrer em Lamego (distrito de Viseu), está agendado para 27 e 28 de novembro.
O PCP comunicou hoje que vai votar contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) já na votação na generalidade, que está marcada para quarta-feira.
Com os votos contra dos 10 deputados do PCP, somados aos dos 19 do BE e aos 86 dos partidos à direita (79 do PSD, 5 do CDS-PP, 1 do Chega e 1 da Iniciativa Liberal), o OE2022 será chumbado na generalidade, com um total de 115 votos contra.
O Presidente da República afirmou hoje que irá aguardar até ao último segundo da votação do OE2022 na generalidade e, caso se confirme o chumbo, iniciará logo o processo de dissolução do parlamento.
Há duas semanas, o presidente do CDS-PP admitiu que o congresso do partido possa ser adiado em caso de 'chumbo' do orçamento e crise política.
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