A favor votaram 153 conselheiros e 34 votaram contra, sendo que 28 abstiveram-se, indicaram as mesmas fontes.
A reunião do Conselho Nacional centrista, fechada à comunicação social e que começou com cerca de duas horas de atraso, contou com cerca de 200 participantes e decorreu através de videoconferência, devido à pandemia de covid-19.
Os conselheiros estiveram reunidos desde cerca das 11:00 e apenas às 20:00 chegaram a uma decisão, depois de várias horas de intervenções e de uma votação em que foi registado, um a um, o voto dos participantes.
Nas últimas eleições presidenciais, em 2016, o CDS já tinha apoiado Marcelo Rebelo de Sousa.
O atual Presidente da República anunciou na segunda-feira que é candidato a um segundo mandato em Belém.
No arranque do Conselho Nacional, ao apresentar a proposta da direção, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues do Santos, defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa "é o único candidato que está para além dos partidos" e "o verdadeiro pilar moral e afetivo da nação".
João Almeida, Nuno Melo, Cecília Meireles e Telmo Correia criticam Marcelo
Antes da votação, foram vários os conselheiros que apontaram críticas à atuação do Presidente da República durante os últimos cinco anos, e lamentaram que o partido se veja sem alternativa, apesar de alguns terem salientado que não se oporiam à proposta feita pela direção, de voltar a apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder parlamentar do CDS-PP disse que o mandato do atual chefe de Estado foi “uma enorme deceção” e recordou que “o partido, ele próprio, já foi crítico em relação a este mandato”.
Telmo Correia acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser um “permanente defensor do Governo” socialista e avisou que “à primeira caem todos, à segunda só cai quem quer”.
O deputado João Almeida foi mais taxativo e defendeu que “durante estes cinco anos de mandato o professor Marcelo Rebelo de Sousa foi o homem da geringonça”, porque “caucionou sempre todos os erros que essa geringonça foi fazendo”
O parlamentar apontou igualmente que Marcelo “é uma figura central de um pântano que se instalou na vida política portuguesa”.
João Almeida lamentou que a discussão em torno das presidenciais “é uma condenação” e que o partido está resignado e “com a corda ao pescoço” em relação à sua posição, sustentando que o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa “é algo muito difícil de compreender até em linha com a linha política aprovada no congresso” do início do ano.
“A direita democrática e popular não se pode rever neste pântano, nem pode deixar para os populistas a denúncia e a crítica a este pântano. Se o tivéssemos feito, certamente tínhamos conseguido gerar uma candidatura na nossa área política que combatesse o pântano, que representasse a direita democrática e popular e que, neste momento, nos desse a opção que não temos”, afirmou ainda.
Também a sua colega de bancada Cecília Meireles lamentou que o partido só tenha duas opções: “ou apoiamos Marcelo Rebelo de Sousa ou não apoiamos mais ninguém, não há uma terceira opção”.
“Eu gostava de olhar para o boletim de voto nas presidenciais e me sentir representada, e isso não vai acontecer, e não vai acontecer porque o CDS decidiu não se fazer representar”, criticou, assinalando que Marcelo Rebelo de Sousa teve um mandato “cujo balanço não parece positivo”.
Outra das vozes críticas ao atual Presidente foi o eurodeputado Nuno Melo, que ilustrou a sua intervenção com uma fotografia de Marcelo Rebelo de Sousa junto do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (ambos socialistas), no festival Rock in Rio, o que lhe mereceu um reparo do presidente do Conselho Nacional.
Depois de ter afirmado ter sido alvo de “um ato de censura muito deplorável de quem manifestamente não está à altura do exercício do cargo”, Nuno Melo ressalvou que apoiar o atual chefe de Estado “é mais do que legítimo”, uma vez que “não haverá” alternativa, mas sublinhou estar “desiludido” com a sua atuação ao longo do mandato, o que não lhe permite “ser entusiasta” deste apoio.
“Não gosto de pessoas de convicções que são feitas de plasticina, que dizem aquilo que o recetor quer ouvir, e se adaptam sem força aquilo que é o recetor”, justificou, criticando também “uma certa hiperatividade de quem fala de tudo, mesmo do que não é de sua competência” e o “apoio permanente e absolutamente desnecessário ao PS e ao Governo de António Costa”.
Por outro lado, Filipe Lobo d’Ávila, vice-presidente do CDS, e o deputado João Gonçalves Pereira defenderam o apoio centrista à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
Gonçalves Pereira lamentou que este apoio “já vem tardio” e avisou que “não apoiar uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa é apoiar os extremismos, à direita, de André Ventura, ou Ana Gomes, eventualmente, até mesmo, à esquerda”.
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