“Bouteflika afaste-se!”, entoou uma centena de estudantes, bloqueados pela polícia perto da Faculdade, no centro de Argel, a capital argelina, como constataram jornalistas da AFP.
De acordo com um estudante de jornalismo, centenas de estudantes estão bloqueados pela polícia em vários campus universitários da cidade, nomeadamente no interior da Faculdade de Direito, localizada a alguns quilómetros do Conselho Constitucional, onde o dossier de candidatura do presidente Bouteflika deve ser entregue antes da meia noite de hoje, quando termina o prazo legal.
Em Annaba, a 400 km a este de Argel, várias centenas de estudantes manifestaram-se nos dois principais campus e outros estão reunidos numa das principais ruas da cidade, indicou à AFP um jornalista no local.
“Eles entoam slogans anti-Bouteflika e [contra o primeiro-ministro Ahmed] Ouyahia. (…) Eles pretendem manter a pressão contra o quinto mandato neste último dia do prazo", indicou.
O site de notícias TSA (Tout sur l’Algerie) relata manifestações semelhantes em Orã e Constantina, a segunda e terceira maiores cidades do país, em Bouira (80 km a sudeste de Argel), em Skikda e Guelma (a 350 e 380 km a este), em Tiaret e Mostaganem (200 e 280 km a sudoeste).
As atenções em Algéria estão hoje voltadas para o Conselho Constitucional, onde deve ser apresentada a candidatura para um quinto mandato do presidente Abdelaziz Bouteflika, apesar da contestação que enfrenta.
Foi anunciado que o dossier de candidatura de Bouteflika seria apresentado a 3 de março antes da meia noite, o último dia do prazo legal.
Desde então, a contestação aumentou, sobretudo na sexta-feira, quando grandes manifestações decorreram em Argel e em todo o país dezenas de milhares de homens e mulheres de todas as faixas etárias manifestaram a sua recusa de um quinto mandato do presidente que está no cargo desde 1999.
Mas o presidente e os seus apoiantes parecem determinados a não ceder à vontade expressa nas ruas.
Bouteflika, de 81 anos, sofreu em 2013 um acidente cardiovascular e desde então os seus aparecimentos públicos foram reduzidos de forma drástica, em particular nos dois últimos anos, o que não o impediu de ganhar as eleições de 2014, com 81,53% de votos, sem aparecer em público nem participar em um comício.
Desde então não fala em público, só se movimenta em cadeira de rodas, empurrada pelo seu irmão Said, e os seus aparecimentos públicos são raros, reduzidos a imagens gravadas pela televisão estatal, por ocasião da realização de conselhos de ministros ou de visitas de dignitários estrangeiros.
Comentários