Em declarações à agência Lusa, o responsável dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, António Táboas, disse que a grande maioria dos doentes avaliados tinha uma gravidade considerável (cerca de 64%) e 36% eram menos graves, tendo sido encaminhados para centros de saúde e para o domicílio.
“Houve uma redução do número de ambulâncias. Identificámos doentes com maior gravidade que foram rapidamente admitidos. Observámos na segunda-feira na pré-triagem 22 doentes, dos quais três foram encaminhados para o centro de saúde e um teve alta. Os restantes 18, a grande maioria, tinha uma gravidade considerável”, adiantou.
Uma área de pré-triagem de ambulâncias foi instalada no domingo no HGO, em Almada, no distrito de Setúbal, para fazer face à pressão assistencial à covid-19, que já elevou a taxa de ocupação da unidade hospitalar a 323%.
Com o apoio da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), a nova área de pré-triagem é similar à que foi instalada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde também se registaram filas de espera de ambulâncias nas duas últimas semanas.
“Não tenho os números de domingo quanto ao HGO. Aqui temos um período muito curto. Perto das 21:00, o número de doentes foi mais baixo, tendo sido encaminhados para o hospital ou para casa”, referiu.
No que diz respeito ao Hospital de Santa Maria, onde também está a ser feita pré-triagem, António Táboas adiantou que na segunda-feira foram avaliados 21 doentes, 71% considerados graves, correspondendo a uma triagem de urgência: vermelho, laranja e amarelo.
“Cerca de 29% correspondem a uma triagem verde e azul. Para os centros de saúde foram referenciados apenas dois doentes”, disse.
O responsável adiantou também que na segunda-feira já não houve tanta sobrecarga, tendo sido recebidas 3.300 chamadas nos CODU..
“Sendo uma segunda-feira, dia habitualmente de maior volume de chamadas nos CODU, tivemos uma redução. Os CODU receberam 3.300 chamadas e na segunda-feira dia 25 de janeiro, há uma semana, receberam 4.200″, disse.
No entendimento de António Táboas, esta redução significativa de chamadas de emergência, ajuda “os hospitais na resposta a dar aos doentes que estão lá referenciados”.
No domingo, o diretor clínico do HGO, Nuno Marques, disse que havia sido feito um apelo de colaboração à Proteção Civil e ao INEM para que fosse instalado um sistema de pré-triagem.
“Pensamos que seja útil. Não tem sido uma gestão fácil”, confessou o diretor clínico do HGO, Nuno Marques, em declarações aos jornalistas, acrescentando: “A grande dificuldade que temos tido – apesar de todo o investimento feito na criação de enfermarias – é a pressão assistencial, que é muita e rapidamente as vagas ficam preenchidas”.
Hospital reforça apelo para que população recorra aos centros de saúde
“O HGO alerta a população para que reserve as situações mais complexas, graves, agudas e urgentes para serem assistidas no hospital”, refere a entidade hospitalar, em comunicado, adiantando que o número de doentes internados em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) “positivos para a infeção por SARS-COV-2 cresceu uma vez mais, tornando-se necessário reajustar novamente a lotação afeta à covid-19”.
Em caso de sinais e sintomas compatíveis com doença respiratória covid-19, a população deve contactar primeiro o Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde – Linha SNS 24 (através do 808 24 24 24) e contactar as ADRC - áreas dedicadas para doentes respiratórios, informa o HGO, indicando que, no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal, as ADR da Trafaria e do Seixal funcionam até às 20:00.
Neste sentido, o hospital volta a sensibilizar a população dos concelhos de Almada e Seixal, no distrito de Setúbal, para que, “em caso de doença, recorra em primeiro lugar ao médico de família/centro de saúde”.
Hoje, o HGO regista um total de 244 doentes positivos por infeção por SARS-COV-2, dos quais 207 estão internados em enfermaria, 30 doentes em UCI e sete doentes internados em Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD).
“Em comparação com os números de há uma semana, o HGO verificou um crescimento de 11% no total de doentes internados, positivos por infeção por SARS-COV-2”, aponta o estabelecimento hospitalar, lembrando que, em 26 de janeiro, o número total era de 220 doentes internados.
Em relação aos doentes internados em UCI e positivos por infeção por SARS-COV-2, comparativamente com a situação de há uma semana, “o crescimento foi de 50%”, uma vez que hoje estão 30 doentes nessa situação, enquanto em 26 de janeiro existiam 20 doentes.
“O hospital mantém a sobrelotação do Serviço de Urgência Geral, na vertente da área respiratória”, conclui a administração hospitalar do HGO, que tem trabalhado para “melhorar a sua resposta a doentes ‘covid’ e não ‘covid’”, uma vez que se se tem mantido a “elevada procura de cuidados hospitalares”.
Em colaboração com a proteção civil municipal e distrital, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e o ACES de Almada e Seixal, foi criada uma área de pré-triagem de ambulâncias no espaço exterior do HGO, que pretende contribuir para diminuir a “pressão assistencial” que se verifica no hospital há várias semanas.
Em comunicado, a entidade hospitalar do HGO indica que permanece no nível III do seu Plano de Contingência, que prevê camas destinadas a doentes positivos para SARS-CoV-2, nomeadamente 66 camas em enfermaria, nove em UCI e cinco em UHD, mas o que se verifica é que a taxa de ocupação de camas por doentes “situa-se hoje nos 325%”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.237.990 mortos resultantes de mais de 103,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 12.757 pessoas dos 726.321 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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