“Tive informação de que a manutenção do cerco nessas condições terá sido aprovada pelo Conselho de Ministros. Não conheço ainda o conteúdo final do despacho, mas fica desde já o compromisso de que tudo irei fazer para que seja cumprido na íntegra, porque só dessa forma poderemos trabalhar em conjunto nesta guerra contra o vírus”, afirmou Salvador Malheiro numa mensagem à população.
O autarca já tinha dito que via “com bons olhos” a manutenção do cerco profilático implementado em 18 de março neste município do distrito de Aveiro, por considerar que o dispositivo ajudou a conter a disseminação da doença num território que, contando com 55.400 habitantes, às 22:00 de hoje registava 343 casos de infeção e 13 óbitos pelo novo coronavírus.
Salvador Malheiro reconheceu que a quarentena geográfica está “a causar muitos problemas às pessoas e muita aflição às empresas”, mas defendeu que é preciso “colocar a vida humana em primeiro lugar”.
“Este é o desafio das nossas vidas. De nada vale uma economia sem pessoas. Depois cá estaremos para tentar reerguer a economia local e a comunidade”, acrescentou.
A mensagem do autarca surge depois de um grupo de empresas representando 10.000 trabalhadores e um volume de negócios anual de 2,2 biliões de euros se ter manifestado contra um cerco que não viabilizasse a reativação da atividade industrial local.
O prazo de prolongamento da quarentena geográfica de Ovar coincide com o novo calendário do estado de emergência nacional, que a Assembleia da República decidiu hoje prorrogar até 17 de abril.
A Assembleia da República aprovou hoje o decreto do Presidente da República que prolonga o estado de emergência até ao final do dia 17 de abril para combater a pandemia da covid-19.
O decreto do Governo que regulamenta a prorrogação do estado de emergência por mais 15 dias em Portugal proíbe deslocações para fora do concelho de residência no período da Páscoa, entre 9 e 13 de abril.
Salvador Malheiro disse rever-se “completamente” nessa imposição, por considerar que “é, de facto, necessário adotar medidas muito arrojadas para tentar vencer esta crise, que está longe de estar controlada”.
Quanto à “insatisfação de muitos”, o autarca justificou: “Tenho esperança de que este esforço, que em Ovar é maior do que nos outros concelhos, nos permita sair mais cedo desta crise, reerguer a nossa economia mais depressa e assim ajudar o país”.
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 51.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, cerca de 190.000 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 9.034 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 209 morreram, 1.024 estão internados em hospitais, 68 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
Em 16 de março, toda a atividade presencial nas escolas do país foi suspensa e, entretanto, outras medidas de contenção foram implementadas no país, nomeadamente ao nível da circulação área.
Em 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade.
Já em 18 de março foi também decretado o estado de emergência para todo o país, o que entrou em vigor às 00:00 do dia 22, sendo que a Assembleia da República aprovou hoje o prolongamento dessa medida até ao dia 17 de abril.
Também os seis concelhos da ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, estão desde as 00:00 de hoje sujeitos a cerco sanitário.
Comentários