“Identificando esta escassez, o Chega vai apresentar um projeto de lei que pede a redução do imposto de 28% para 10% de todos os senhorios que realizem contratos de alojamento com estudantes do ensino superior”, anunciou a deputada Rita Matias.

Numa declaração política na Assembleia da República, a parlamentar do Chega desafiou os restantes partidos a aprovarem esta proposta quando for a votos, considerando “uma hipocrisia” e que demonstrarão ser “mais fiéis a cálculos políticos do que aos jovens portugueses” se não o fizerem.

No entanto, a deputada ficou sem resposta uma vez que não houve pedidos de esclarecimento na sequência da sua intervenção, ao contrário do que aconteceu com outros partidos.

Rita Matias afirmou que “o Estado tem falhado aos jovens portugueses, o Governo socialista falhou e continua a falhar aos estudantes universitários”.

E salientou que “o alojamento é insuficiente”, sustentando que “houve uma redução de cerca de 80% dos quartos privados disponíveis” e que os preços dos quartos estão “a disparar a olhos vistos”.

“O PS diz-nos neste novo orçamento que agora é que vai ser e que vão começar as obras e o investimento em mais infraestruturas. No entanto, e imaginando que desta vez, ao contrário de todos os outros projetos e programas relacionados com jovens, o Governo até cumpre a sua promessa, as metas vão ser atingidas em 2026”, afirmou.

Mas alertou que isso “significa que um jovem que é caloiro neste ano letivo, e se sobreviver ao contexto académico neste tempo de crise, estará no último ano da licenciatura ou eventualmente já terá concluído o seu curso”.

“O importante é o agora, os jovens precisam de soluções imediatas e não na próxima segunda-feira ou na próxima década”, defendeu a deputada do Chega, apontando que “os estudantes portugueses não vivem, sobrevivem”.

“Só no presente ano letivo, o custo médio de um quarto no Porto aumentou de 250 para 324 euros mensais, em Lisboa aumentou cerca de 55 euros por mês, fixando-se nos 381 euros”, apontou a deputada, criticando que, “perante isto, o Governo propõe agora no novo orçamento, um apoiozinho de 288 euros por mês que não vai abranger nem 15 mil estudantes”.

Rita Matias indicou que “este é um cenário que só se prevê que se agrave” e considerou que “as respostas são insuficientes”, deixando um “aviso”: “Não basta orçamentar, cá estaremos para escrutinar a aplicação das verbas e exigir responsabilidades”.

Sobre as dificuldades que atravessam os estudantes do ensino superior, a deputada disse que, “ainda que tentem pagar o sol com a peneira, é por demais evidente que o sufoco económico em que as famílias portuguesas se encontram está a impedir o acesso dos jovens à formação superior” e referiu “um aumento significativo dos pedidos de bolsas de estudo”, apontando que “este ano há mais de 75 mil estudantes a pedir apoio, o que representa um aumento de 16% face ao ano anterior”.

“Podem vir agora, no novo Orçamento do Estado, apresentar novas propostas, complementos e apoios, mas tudo isto é absolutamente insuficiente”, criticou.

Rita Matias defendeu ainda que “de nada serve alargarem o número de vagas se não assegurarem as condições consignas e necessárias para os estudantes, de nada serve celebrar o segundo maior número de colocados de sempre se a maioria tiver de abandonar os estudos por falta de condições económicas, de nada serve o sacrifício das famílias para investirem na qualificação dos seus filhos se no final os filhos contam apenas com as portas abertas para emigrar”.