O relatório da ENISA conclui também que a maioria dos ciberataques continuam a ter uma motivação financeira, observando-se também um aumento de ‘phishing’ (tentativa de obter informações confidenciais através de mensagens fraudulentas), ‘spam’ (correio eletrónico não solicitado) e ataques direcionados nas plataformas de redes sociais.

“Durante a pandemia do coronavírus, a cibersegurança dos serviços de saúde foi desafiada, enquanto a adoção de regimes de teletrabalho, aprendizagem à distância, comunicação interpessoal e teleconferências também mudaram o ciberespaço”, nota a ENISA, segundo a qual “muitos incidentes a nível de cibersegurança ainda passam despercebidos ou levam muito tempo a serem detetados”.

De acordo com a agência, “o número de sítios de Internet falsos de compras ‘online’ aumentou durante a pandemia da covid-19″, desde ‘websites’ a imitar os de marcas populares a serviços fraudulentos que nunca entregam as encomendas compradas, comentando a ENISA que “o coronavírus revelou a fraqueza no modelo de confiança associado às compras em linha”.

“O número de incidentes de ‘ciberassédio’ e de extorsão de natureza sexual também aumentou com a pandemia da covid-19″, o que a agência atribui ao facto de “a adoção de tecnologia móvel e de as subscrições a plataformas digitais tornar as gerações jovens mais vulneráveis a este tipo de ameaças”.

Por outro lado, “o número de vítimas de ‘phishing’ na UE continua a crescer, com atores maliciosos a utilizarem o tema da covid-19 para as atrair”, aponta o documento, explicando que “os ataques com o tema covid-19 incluem mensagens com anexos de ficheiros maliciosos e mensagens contendo ligações maliciosas que redirecionam os utilizadores para sites de ‘phishing’ ou descarregamento de downloads de software malicioso.

De acordo com a ENISA, “os ataques com o tema covid-19 estão a ser utilizados em fraudes cibernéticas que resultam na perda de “milhões de euros” para cidadãos e empresas da UE”.

“As Pequenas e Médias Empresas Europeias (PME) também foram vítimas destas ameaças numa altura em que muitas estão a passar por graves dificuldades financeiras devido à perda de receitas”, sublinha o documento.

A agência destaca ainda que ataques particularmente bem concebidos para visar “dados de elevado valor, tais como propriedade intelectual e segredos de Estado, estão a ser meticulosamente planeados e executados frequentemente por actores patrocinados por Estados”.

Comentando o relatório hoje publicado, a Comissão Europeia sublinha que a UE está a adotar uma série de ações para reforçar as capacidades de cibersegurança, estando prevista para o final do corrente ano a apresentação de uma nova Estratégia para a Cibersegurança.