Segundo a PJ, as diligências ocorreram na sequência de um pedido de colaboração por parte da Polícia Nacional de Taiwan no âmbito do qual se “admitia que vários cidadãos daquele território [Taiwan] se encontrariam em Portugal vítimas de tráfico de pessoas, em situação de sequestro, sob coação e em regime de escravidão”.
A Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) localizou uma casa isolada na área de Cascais onde viria a encontrar e resgatar os 17 cidadãos privados de liberdade, de documentos e impossibilitados de manter contactos com o exterior.
“No momento da ação policial, os dois arguidos também ali foram encontrados. Constatou-se no local que os cidadãos estavam coagidos a manter contactos via internet, num esquema de burlas montado pelo arguido detido, com cidadãos da China continental, a quem eram extorquidos elevados montantes sob ameaça de perseguição policial e judicial naquele país”, explica a PJ.
No decorrer da operação foram apreendidas várias dezenas de equipamentos telefónicos e de telecomunicações, equipamentos informáticos, documentos e dinheiro.
Um homem foi presente a interrogatório judicial, tendo-lhe sido aplicada como medida de coação a apresentação três vezes por semana às autoridades policiais.
“Tendo em conta a continuação das diligências de investigação criminal por parte das autoridades de Taiwan, com vista à detenção dos principais responsáveis desta atividade ilícita, não foi divulgada publicamente a ação da Policia Judiciária”, é referido.
A PJ adianta ainda que, “atualmente foram já detidas várias pessoas e identificadas mais de uma dezena de outras envolvidas neste esquema criminoso naquele país”.
Na nota, a PJ lembra que esta foi a primeira vez na Europa que as autoridades policiais conseguiram desmantelar, em plena atuação, um grupo organizado deste tipo.
Na sexta-feira, a polícia de Taiwan anunciou ter desmantelado em Cascais, em cooperação com a polícia portuguesa, uma rede que alegadamente defraudava vítimas na China continental através do telefone.
O alegado líder do grupo, um taiwanês de apelido Hsi, terá decidido em março montar uma operação de fraude eletrónica em Portugal, país onde os cidadãos de Taiwan podem entrar sem visto.
De acordo com a imprensa de Taiwan, o homem gastou dois milhões de dólares taiwaneses (57 mil euros) para recrutar 19 taiwaneses, a maioria dos quais jovens desempregados ou com problemas financeiros, que recebiam um salário de 25 mil dólares taiwaneses (714 euros), juntamente com parte dos lucros da operação.
Segundo o CBI, alguns dos membros do grupo faziam-se passar por funcionários de uma empresa de telecomunicações da China continental, procurando convencer as vítimas de que o seu telemóvel estava a ser usado para enviar mensagens de “spam”.
Outros membros ligavam mais tarde fazendo-se passar por agentes da polícia e do Ministério Público chineses, avisando que a conta bancária da vítima iria ser congelada e exigindo a transferência do dinheiro para uma conta controlada pelo grupo.
De acordo com a imprensa de Taiwan, em apenas uma semana as vítimas terão perdido mais de três milhões de dólares taiwaneses (86 mil euros).
Dos 19 suspeitos detidos em Cascais, apenas um aceitou ser julgado em Portugal, sendo que os restantes foram já extraditados para Taiwan.
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