A investigação, em que participa a Universidade de Granada e cujos resultados são publicados na revista Nature, analisou as mudanças do nível do mar durante o último glaciar máximo utilizando dados geomorfológicos, sedimentológicos e paleontológicos do fundo marinho.
O último glaciar máximo foi o período mais frio da história geológica recente da Terra, que provocou uma enorme acumulação de gelo nas regiões polares, fazendo descer consideravelmente o nível dos oceanos, o que provocou uma mudança na configuração das terras imersas.
Os investigadores afirmaram que, após a brusca descida de 40 metros há 30 mil anos, o nível do mar global se manteve bastante estável até voltar a cair 20 metros há cerca de 22 mil anos.
A partir desse momento, produziu-se uma subida lenta do nível do oceano que se acelerou há uns 17 mil anos para desacelerar há 7.000 anos e chegar lentamente aos últimos metros de subida até aos níveis atuais.
"A mudança do nível do mar devido a mudanças do clima é um fenómeno conhecido desde o século XIX e os valores aproximados da descida foram estimadas nas últimas décadas", explicou o catedrático de Paleontologia da Universidade de Granada, Juan Carlos Braga, um dos autores do trabalho.
Os investigadores precisaram quer a cronologia quer os valores de variação do nível global dos oceanos durante o último glaciar máximo, graças a dados geomorfológicos e de sedimentação do fundo marinho.
Analisaram também os testemunhos obtidos na perfuração com 34 sondas no subsolo da margem da plataforma no nordeste da Austrália, comparando com dados da Grande Barreira de Coral australiana.
"As descidas bruscas do nível do mar detetadas durante o último glaciar máximo são facilmente explicadas pela mudança climática", destacou o catedrático, que explicou que os dados parecem indicar que houve períodos extremos de calor e frio que são pouco conhecidos dos cientistas.
"Identificar com precisão a magnitude e cronologia das mudanças do nível do mar e do solo são importantes para entender a dinâmica do clima global e também fundamental para entender as conexões das ilhas entre si com os continentes e poder decifrar migrações de espécies, incluindo a humana", concluiu Juan Carlos Braga.
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