Estas conclusões contradizem as declarações de vários membros do executivo Trump, incluindo as dele próprio, e adiantam que a situação vai piorar sem uma forte redução das emissões de gases com efeito de estufa.
O ‘Fourth National Climate Assessment’ (Quarta Avaliação Nacional do Clima), encomendada pelo Congresso, é publicado quadrienalmente sem fazer recomendações.
O documento foi aprovado pela Academia Americana de Ciências e recebeu a autorização da Casa Branca para ser divulgado.
Durante a campanha eleitoral, Trump tinha qualificado as alterações climáticas de “fraude chinesa” para enfraquecer a economia dos EUA, para depois anunciar, em junho, a retirada do país do acordo de Paris cobre o clima.
“O clima dos EUA está fortemente relacionado com as alterações do clima terrestre”, escreveram os autores do documento final, que concluíram que “o período atual é o mais quente da história da civilização moderna”.
A temperatura anual média do ar na superfície do globo aumentou um grau Celsius durante os últimos 115 anos (1901-2016).
Nos últimos anos ocorreram um número recorde de fenómenos meteorológicos extremos ligados ao clima, como secas, furacões e chuvas fortes, enquanto os últimos três anos foram os mais quentes no planeta desde que há registos (1880), salientou-se no relatório.
Os autores preveniram que “estas tendências devem persistir duravelmente”.
Nos EUA, as mudanças mais importantes foram constatadas no norte, com canículas cada vez mais frequentes desde os anos 1960, enquanto as vagas de frio são cada vez mais raras.
A temperatura média anual na parte continental dos EUA progrediu um grau entre 1901 e 2016. Para o período 2021-2050, a subida deve continuar e acrescentar mais 1,4 graus.
Esta avaliação do estado do clima conclui ainda que, “com base em números índices, é extremamente provável que as atividades humanas, sobretudo as emissões de gases com efeito de estufa, sejam a principal causa do aquecimento observado desde meados do século XX”, estimando que não existem outras explicações plausíveis.
Estas contradizem diretamente as afirmações de Trump e membros do seu governo, designadamente Scott Pruitt, diretor da Agência de Proteção do Ambiente, que nega as alterações climáticas e é próximo da indústria dos combustíveis fósseis.
Milhares de estudos científicos, realizados no mundo inteiro, têm medido a subida das temperaturas na superfície terrestre, dos oceanos e na atmosfera e constatado o degelo acelerado dos glaciares, a diminuição da cobertura de neve, a redução dos bancos de gelo, a subida do nível dos oceanos e a acidificação das suas águas.
O documento indica que o nível global dos oceanos subiu em média entre 18 a 20,5 centímetros desde 1900, dos quais metade relativos ao período posterior a 1993, no que é o aumento mais importante ocorrido num século desde há 2800 anos, fenómeno que já afeta mais de 25 cidades costeiras norte-americanas.
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