O cohousing não é um conceito novo, explica Nuno Cardoso, presidente da Hac.Ora Portugal Senior Cohousing Association, mas começa a ganhar progressiva popularidade, sobretudo nas últimas décadas, em vários países da Europa, como Espanha e Itália.

As habitações colaborativas têm como objetivo formar uma comunidade autogerida, onde espaços e instalações comuns complementam as habitações privadas.

“Nós não estamos a trazer nada de inovador, apenas estamos a mostrar aquilo que se faz lá fora. Por exemplo, em Espanha, o tema do cohousing está a fervilhar, já são mais de 80 projetos que estão em curso e que contam também com o apoio das autarquias”, diz o responsável.

Na conferência internacional que o Porto recebe esta sexta-feira, Nuno Cardoso tem o objetivo de não apenas apresentar oficialmente a associação que preside, fundada em maio de 2018, como “demonstrar o que está a ser desenvolvido na Europa” e “iniciar a urgente reflexão” sobre a temática da habitação sénior em Portugal.

“As respostas que temos no país são sobretudo para seniores com elevada dependência motora e mental", salienta Nuno, considerando fundamental trazer à discussão o tema da "qualidade de vida e bem-estar" da população sénior, um estrato populacional "que é enorme". "É absolutamente urgente atacar o problema porque ele está aí, basta falarmos com as pessoas idosas”, afirma.

E para este bem-estar a criação de uma comunidade é fundamental. “Não estamos a criar uma habitação, estamos a criar uma comunidade, um conjunto de pessoas que querem viver em comunidade e partilhar a vida. Ao mesmo tempo que tem o seu espaço independente e a sua privacidade, tem um conjunto de valências num espaço comum, que completam a sua vivência e a sua casa”, explicou o presidente da Hac.Ora Portugal Senior Cohousing Association.

Em Portugal, adianta Nuno Cardoso, é “reduzido o número” de projetos de habitações colaborativas, tendo apenas conhecimento de três: ‘Os pioneiros’, em Águeda, a Unidade Residencial Madre Maria Clara, em Carnaxide e ainda o Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande, no Algarve.

“Estas pequenas experiências demonstram que há uma carência tremenda disto. Temos mesmo de arrancar e começar a fazer. Nós, enquanto associação, temos que divulgar o conceito, lançar o debate na sociedade portuguesa, e ajudar os grupos naquilo que entenderem”, acrescentou.

A iniciativa conta com o apoio da Fundação Altice. Alexandre Fonseca, Presidente Executivo da Altice Portugal, que marcará presença no evento, salienta que a empresa, "ao estar consciente dos desafios existentes na sociedade, procura criar e implementar programas integrados, que visem o aumento da qualidade de vida e a conquista da longevidade da população, nomeadamente, na população sénior, minimizando situações de isolamento e vulnerabilidade social e fomentando a participação ativa destas pessoas na promoção da sua saúde, da sua autonomia e da sua independência na vida da sociedade".

É neste contexto que se integram projetos desenvolvidos ou apoiados pela fundação como o programa de pulseiras "Estou Aqui" que, em parceria com a PSP, fornece pulseiras com um código alfanumérico para localização de pessoas em situação de desorientação ou inconsciência; o projeto "Comunicar em Segurança", destinado à literacia digital dos seniores; o programa "Está lá, está bem!", que permite o apoio a seniores em situação de isolamento social e que tem por base um telefonema semanal para idosos de instituições; o programa de salas snoëzelen, salas que estimulação multissensorial para melhorar o desempenho cognitivo; o programa de financiamento a instituições de apoio à vida ativa dos séniores denominado "Apoiar", entre outros.

A conferência “Cohousing em Portugal – Viver Sustentável” começa pelas 09h30 e terá um alargado grupo de convidados nacionais e internacionais de referência no cohousing e contará com a apresentação de estudos e a partilha de experiências e testemunhos de diferentes dimensões deste conceito habitacional. Consulte aqui o programa.

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