"O Exército tem todos os seus meios ao dispor dos portugueses, em qualquer circunstância, quando tal for solicitado", salientou o vice-Chefe do Estado-Maior do Exército (vice-CEME).

Guerra Pereira lembrou, contudo, que o Exército "só atua em território nacional, nestas circunstâncias, em situações de exceção e quando tal for solicitado pelo escalão político legítimo".

"Todos os meios que tivermos disponíveis capazes de cumprir a missão, serão entregues para cumprir a missão", assegurou, embora escusando-se a indicar o número de meios humanos ou logísticos passíveis de ser empenhados numa missão para atenuar os efeitos da greve dos motoristas de matérias perigosas.

Confrontado com a possibilidade de o ramo envolver oito militares habilitados a conduzir camiões de transporte de matérias perigosas, hoje avançada à Lusa por fonte ligada ao processo, o vice-CEME insistiu que os meios "dependem das missões" que forem confiadas ao Exército.

"Não sabendo ainda em concreto qual é a missão a cumprir, esse é um número como outro qualquer".

Guerra Pereira sublinhou apenas que "o Exército está em condições de cumprir as missões que lhe forem determinadas, ao nível da responsabilidade do senhor almirante CEMGFA", o almirante Silva Ribeiro, que é o "principal responsável" pela alocação de meios das Forças Armadas.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.

Na terça-feira, gerou-se a corrida aos postos de abastecimento de combustíveis, provocando o caos nas vias de trânsito.

A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) informou hoje que não foi ainda retomado o abastecimento dos postos de combustível, apesar da requisição civil, e que já há marcas “praticamente” com a rede esgotada.

O primeiro-ministro admitiu hoje alargar os serviços mínimos e adiantou que o abastecimento de combustível está “inteiramente assegurado” para aeroportos, forças de segurança e emergência.

Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.

No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o sindicato, foram definidos os serviços mínimos.

Militares da GNR estão de prevenção em vários pontos do país para que os camiões com combustível possam abastecer e sair dos parques sem afetarem a circulação rodoviária.

O ministro do Trabalho anunciou esta tarde que convocou o sindicato dos motoristas de matérias perigosas e a associação que representa as entidades patronais para uma reunião ainda hoje, apelando a um entendimento entre as duas partes.

A secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, convocou para o final da tarde as entidades que integram o Gabinete Coordenador de Segurança para analisarem a crise criada pela falta de combustíveis.

O Gabinete Coordenador de Segurança integra todas as forças e serviços de segurança, nomeadamente GNR, PSP, PJ e SEF e também os serviços de informações (SIS e SIED).