"O PSD está extremamente preocupado com esta situação da greve dos motoristas. A circunstância de termos um Governo que gosta de tudo prometer e a todos prometer causa, de facto, este tipo de situações quando se torna visível que é impossível dar tudo a todos, o que cria um sentimento de desilusão por parte dos diferentes grupos profissionais", disse aos jornalistas o deputado do PSD Emídio Guerreiro, no parlamento, em Lisboa.

Para o social-democrata, "seria muito importante para todos que o Governo desse um passo à frente" e, ao invés de situações como requisições civis "feitas em cima do joelho que garantem respostas no Grande Porto e na Grande Lisboa, esquecendo todo o território nacional", seria "importante que esta situação se resolvesse".

"O PSD insta ao Governo para que se sente rapidamente e que, em diálogo, resolva este problema. Os portugueses não podem continuar a padecer por força das incompetências do Governo", desafiou.

Este é um problema que, de acordo com Emídio Guerreiro, "afeta todo o território e todo o país".

"Temos postos de gasolina sem gasolina, aviões desviados das suas rotas e num momento de particular sensibilidade das famílias portuguesas. Estamos em vésperas de Páscoa, numa altura em que há uma grande mobilidade dos portugueses para irem ao encontro das suas raízes e junto das famílias e que estão a ter grandes dificuldades", descreveu.

CDS: O país está “num caos neste momento”

“Esta é uma prova de mais um caso de incompetência por parte do Governo. O Governo não sabe governar, não é capaz de prevenir problemas como este e, de repente, toda a gente se surpreende como é que o caos se instala em tão poucas horas no nosso país, por todo o lado”, afirmou Assunção Cristas, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa.

Para a líder dos centristas o país está “num caos neste momento”, com os automobilistas a acorrerem às bombas de gasolina e “muitas já sem combustível para as pessoas poderem abastecer”.

“Perante esta situação, eu pergunto onde está o governo. O CDS, antes do almoço, fez um desafio, um requerimento para que o senhor ministro do Ambiente viesse ao parlamento dar explicações. Esse requerimento foi chumbado pelo PS. À tarde, o senhor ministro pôde responder que nada sabia de novo e que a situação se tinha vindo a alterar. E, portanto, não respondeu às perguntas do CDS”, lamentou.

Perante a falta de respostas, Assunção Cristas desafiou o primeiro-ministro “a garantir a todos os portugueses que este caos vai terminar, que todos os serviços mínimos são cumpridos, que as pessoas podem, com tranquilidade, ir para as suas férias de Páscoa, que têm liberdade de circular”.

“Amanhã [quarta-feira] temos debate quinzenal, às 10:00, eu espero que o Governo e o senhor primeiro-ministro possa resolver este assunto até lá”, sublinhou.

Quanto à requisição civil, a líder do CDS-PP frisou que “cabe ao Governo garantir” que esta é cumprida e que, “no seu papel de moderação, há um espaço negocial para resolver os problemas”.

“Não é possível vermos o caos de norte a sul do país, no litoral e interior e não vermos nenhuma ação palpável do lado do Governo, não é possível termos tido no parlamento a resposta que tivemos hoje do ministro do Ambiente, que foi basicamente encolher os ombros. Se ele não sabe, alguém tem de saber”, criticou.

Assunção Cristas defendeu ainda que o Governo, enquanto “responsável máximo pela tranquilidade e segurança” do país, “deveria ter prevenido e evitado que se chegasse a esta situação” que “mais uma vez demonstra a incompetência do Governo para gerir situações difíceis”.

“É também o responsável máximo para que haja liberdade de circulação no nosso país e se, neste momento, temos o nosso país num caos e as pessoas com receio de sequer poderem fazer tranquilamente as suas férias de Páscoa […], então o Governo tem de garantir que essa situação não se arrasta”, frisou.

A greve nacional dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo SNMMP, por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica, tendo sido impugnados os serviços mínimos definidos pelo Governo.

A ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias já rejeitou os fundamentos da greve, adiantando que, "contrariamente ao propugnado pelo SNMMP, não é verdade que os motoristas afetos a este tipo de transporte se encontrem, em termos salariais, balizados pelo salário mínimo nacional".

Contudo, a ANTRAM disse que aceita negociar com o sindicato, desde que os serviços mínimos decretados pelo Governo sejam respeitados.

O Governo aprovou hoje uma resolução do Conselho de Ministros que reconhece a necessidade de requisição civil no caso da greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou na segunda-feira.

A presidência do Conselho de Ministros acrescenta que esta decisão foi tomada "depois de se ter constatado que no dia 15 de abril não foram assegurados os serviços mínimos", fixados pelos ministros do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ambiente e da Transição Energética.

A requisição civil produz efeitos até ao dia 15 de maio.