Marta Temido (PS), Sebastião Bugalho (AD), Tânger Correa (Chega), João Oliveira (CDU), debatem na RTP a duas semanas das eleições que podem fazer deles eurodeputados.

Quem ganhou o debate?

O tom do debate foi logo marcado de início quando Sebastião Bugalho voltou a vestir a pele de comentador  para perguntar a Tânger Correa a posição do Chega depois do líder do AFD - que faz parte da família política do Chega na Europa - ter dito que fazer parte das SS não era crime. Calmo, mas incisivo haveria de estar assim o resto do debate. Muito preparado, chegou a fazer alguns debates dentro do debate com todos os candidatos, e apenas Marta Temido foi capaz de lhe fazer frente mostrando que algumas das ideias que anuncia já existem, como como o cartão para acessos aos mais idosos.

Este não foi o único momento em que Marta Temido se mostrou mais capaz do que aquilo que tem demonstrado nos debates. Melhor, mais preparada e capaz de alguma assertividade que estava esquecida. Contudo, não a suficiente para fazer frente a um Bugalho que conseguiu não se exaltar ainda que tenha estado sempre ao ataque.

Já Tânger Correa parece continuar perdido no meio dos debates. Neste conseguiu que a notícia da noite fosse por si dita: não excluiu a saída do IDF para se juntar aos conservadores. Logo no início, e de forma inesperada, assumiu que sem Ventura não tem visibilidade para ganhar eleições e que, por isso, a culpa da derrota ou da vitoria será dividida.

Joao Oliveira não surpreende consegue manter-se sempre firme na defesa das suas crenças, mas sempre num discurso mais para dentro do que para fora.  As posições quanto à política externa são demasiado utópicas e se há certeza que não cativam fora do partido, fica a dúvida se cativam dentro.

O que querem para a Europa?

Sondagens

Marta Temido - "Estas eleições europeias são muito especiais e das mais significativas do ultimos anos. Temos uma guerra em territorio europeu e a possível vitória de forças extremistas".

"Não nos interessa estar a comentar sondagens, interessa-nos focar-nos no trabalho que temos pela frente com responsabilidade. Sempre assumi as responsabilidades em todas as funções".

Sebastião Bugalho - "Acho que nenhum de nós se apresenta a eleições para perder." "Queremos um resultado que prove que temos a confiança dos portugueses. Estou contente com a sondagem, já supera as minhas expectativas".

Tânger Correa - "Sondagens são sondagens, nós começámos assim nas legislativas e acabámos de outra maneira". "Ventura vai juntar-se à nossa campanha. Não escondamos as coisas, eu não sou uma figura tão conhecida." "A culpa nunca morre solteira, nem ganhar, nem perder". "Se não ganharmos ficamos todos bem, se perdermos também".

- Sebastião Bugalho interrompe para questionar se Tanger Correa se se revê no partido alemão que faz parte da sua família e que diz que fazer parte das SS não é um crime. A resposta: não. -

João Oliveira: "Estamos habituados a não nos deixar embalar pelas sondagens". "Temos que fazer o trabalho porque ainda não há votos nas urnas". "Não faço comparação entre eleições que são distintas".

A possível vitória da extrema direita na Europa

Sebastião Bugalho - "Expulsar um país da UE eu diria que só num caso de absoluto limite. Há principios fundamentais dos quais não abdicamos, mas a tolerância à divergência tem servido para fazer um caminho comum". "Seria impossível ter respondido, por exemplo, à Guerra na Ucrânia se não houvesse convergência." "Não vamos deixar de ser críticos." "Seria autofágico se a Europa se dividisse por dentro em vez de se unir contra Vladimir Putin". "Temos que nos manter atentos, até porque parte desses critérios são essenciais para o alargamento" "Seria estranho que os países que vão entrar respeitem mais critérios que os países que fazem parte

Marta Temido - "Não podemos condescender. Nem quando Estados-Membros desrespeitem essas regras, nem podemos esquecer que há determinadas forças políticas que defendem ideias que podem por em causa os princípios europeus." "Preocupa-nos que Von der Leyen assuma fazer parcerias com forças que este fim-de-semana estiveram reunidas em Espanha".

Sebastião Bugalho - "Não pode dizer, é injusto, que diga que Von Der Leyen está mais perto daqueles que estão do lado de Putin do que os que estão contra." "Marta Temido não percebeu essa notícia." "Obviamente que não é a mesma coisa um partido ser a favor de Putin e um partido ser a favor da Ucrânia".

Marta Temido: O que o Sebastião Bugalho está a dizer é que há uma extrema direita mais simpatica que outra

Tanger Correa - "Caracterizar o Chega como extrema direita é extremamente incorrecto". "É um partido conservador que não é de todo a favor de Putin"

Sebastião Bugalho - "Se diz que é conservador, vá para a família dos conservadores"

Tânger Corrêa - "Há uma eleição a 9 de junho não é altura de se falar na família em que o Chega se insere" "Vai haver negociações entre as várias plataformas políticas. O corte de relações que houve hoje entre o partido de Le Pen e a AFD vai ser um game changer".

João Oliveira - "Há uma sã convivência da UE com a extrema direita." "Nem a UE é uma polícia da democracia, nem a Von der Leyen chefe de esquadra". "O único debate possível à extrema direita é o aprofundamento da democracia".

Marta Temido - "Há duas coisas que podem ser feitas, ou o artigo 7º, ou a condicionar o acesso a fundos, o que na Hungria tem resultado." "Falamos muitas vezes de extrema direita sem falar o que está lá dentro. Estamos a falar de políticas migratórias, políticas ambientais, políticas dos direitos reprodutivos das mulheres". "Estamos a dizer que a Europa está sob ataque e não é um ataque apenas da guerra às suas portas, é uma taque aos seus valores".

Sebastião Bugalho - "Os socialistas na Europa e o grupo mais à direita no PE votaram juntos 823 votações. Votaram juntos 37% das vezes no último mandato."

Marta Temido - "Isso é um artifício."

João Oliveira - "É importante o PE não tenha apenas o combate retórico à extrema direita" "Em matéria de asilos, de migrações é preciso inverter as políticas que são feitas" "O PE tem que fazer uma linha de afirmação, isso não se faz com alianças como as que acabámos de ver na Holanda".

Tropas europeias na Ucrânia?

Sebastião Bugalho - "Afirmações sobre o futuro de jovens portugueses, devem ser feitas pelo governo português"

Marta Temido - "Nós acreditamos que admitir a ideia de tropas para o terreno, é admitir s escalada do conflito ao nível mundial."

Tânger Correa - "A declaração de Gouveia e Melo é mais uma declaração de intenções do que a ação de mandar homens para onde quer que seja, até porque não temos homens para enviar para lado nenhum". "Se temos que investir em defesa? Sim." “Pode ser uma PPP ou várias em que os privados fazem parte do negócio e o Estado controla fabrico e distribuição”

João Oliveira - "Quero destoar deste coro de militarismo." "As palavras daquele chefe de defesa são preocupantes, principalmente quando as juntamos às palavras de Charles Michel. Estão a preparar-nos para a guerra". "Esse caminho não serve ninguém." "A Ucrânia o que precisa neste momento é de um cessar-fogo imediato". "Enviar armas para a Ucrânia significa continuar a fazer dos ucranianos arma para canhão".

Sebastião Bugalho - "A paz que a CDU quer é a vitória da Rússia”

Marta Temido - "Tem que ser a Ucrânia a dizer quais a suas condições para a paz". "Evidentemente que a paz todos a queremos, mas a posição do PCP é indefensável"

Tânger Correa - "É a Ucrânia que tem que fazer o road map que leve a uma decisão negociada em que ambos os lados estejam de acordo."

Que comissões gostavam de integrar?

Sebastião Bugalho - "Como sabe, tenho uma particular afeição pelas relações externas porque num mundo em guerra queremos manter o mundo em paz". "E a Comissão de Assuntos Constitucionais, por causa do alargamento. Teria todo gosto em fazer parte dessa discussão”

Marta Temido - "A nossa prioridade são os assuntos sociais, com a particularidade da habitação e dos jovens".

Sebastião Bugalho questiona se vão a votar a favor da da inclusão da Habitação como direito fundamental da União Europeia?

João Oliveira - "Esta discussão é estéril porque quando lá chegarem o PS e a AD votam da mesma maneira". "Queremos um debate para o progresso social e para o emprego". "A circunstância de estarmos numa comissão ou noutra não nos impede de fazer um trabalho muito alargado". "É preciso que o país se prepare para sair do euro, mas enquanto isso não acontecer há muita coisa para fazer."

Tânger Correa - "As nossas prioridades passam pela luta anticorrupção, pela imigração e pela agricultura e pescas".  “Queremos uma reformulação da Política Agrícola Comum para apoiar os pequenos e médios agricultura. Somos contra o Pacto Migratório porque ataca a soberania dos países. E, não acusando nenhum dos outros partidos, sabemos que existem bastantes casos da corrupção. A corrupção é o pior cancro que existe.”

João Oliveira - “Há limites para incoerência. Cá em Portugal impedem uma comissão de inquérito à Vinci. Como é que esse discurso bate certo com o que dizem cá sobre os imigrantes. Não tente enganar ninguém”

Marta Temido: AD de quer defender apenas “aqueles imigrantes mais qualificados”.