Questionada pela Lusa sobre se a Comissão Executiva tinha recebido propostas para viabilizar a empresa, a mesma fonte disse desconhecer “qualquer proposta”, mas que “continua a aguardar resposta dos acionistas minoritários à proposta que lhes foi feita há mais de duas semanas”.

Esta proposta foi formalizada, de acordo com a mesma fonte, primeiro, junto do acionista Marco Galinha, líder do grupo Bel, e depois junto de José Pedro Soeiro e Kevin Ho (KNJ), e no seu essencial passa por trocar a participação do fundo WOF na empresa Páginas Civilizadas, recebendo em troca a TSF (com as dívidas ao grupo anuladas e assumindo o RERT – Regime Excecional de Regularização Tributária de cerca de 750 mil euros), o Diário de Notícias (DN), o seu arquivo e acervo, a Açormedia (editora do Açoriano Oriental), o Motor 24, 24 Horas, Grande Reportagem e Tal & Qual.

Entretanto, fonte ligada aos antigos acionistas adiantou à Lusa que estes receberam “quatro propostas”, as quais incluem ou a compra de títulos do grupo ou a entrada na empresa como acionistas.

Em 12 de janeiro, um grupo de investidores e empresários de Portugal mostrou-se interessado em comprar jornais e revistas do grupo, nomeadamente o Jornal de Notícias (JN) e O Jogo.

“Somos um grupo de investidores e empresários de várias geografias de Portugal, com especial predominância para o Norte do país, que temos observado com preocupação os recentes acontecimentos que colocam em causa a estabilidade do GMG [Global Media Grupo], a reputação das suas marcas e o emprego dos seus profissionais”, lê-se na proposta de intenção de compra dirigida aos acionistas do GMG e a que a Lusa teve na altura acesso.

No documento, assinado por um responsável da empresa Officetotal Food Brands, de Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, em representação do novo consórcio para a solução do GMG, este grupo de empresários refere que para contribuir para o futuro e viabilidade financeira das marcas do GMG está disposto a adquirir o JN, O Jogo, JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct.

Uma semana depois, o Nobias European Studios, grupo de criação de conteúdos, incluindo de produção de vídeos, informou que propôs um investimento de 10 milhões de euros na GMG para ficar com 51% da empresa.

Entretanto, a assembleia-geral extraordinária de acionistas da Global Media, a pedido da KNJ, de Kevin Ho, e de José Pedro Soeiro, está marcada para 19 de fevereiro, com cinco pontos na ordem de trabalhos, entre eles a destituição do atual Conselho de Administração e um aumento de capital de cinco milhões de euros.

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.

O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

Resumindo, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).