Os resultados provisórios que estão a ser atualizados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) têm sido fortemente contestados pela UNITA, CASA-CE e PRS, que, com base nas atas síntese e de operações que estão a compilar, enviadas pelos delegados de lista presentes nas 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, no dia 23 de agosto, afirmam ter dados da contagem da votação diferentes.

“A fonte oficial de informação deve ser efetivamente a Comissão Nacional Eleitoral”, disse hoje a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, numa declaração feita em Luanda.

O cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais angolanas, Isaías Samakuva, afirmou hoje que não reconhece validade aos resultados provisórios divulgados pela CNE, com o partido a garantir que vai divulgar até segunda-feira dados da contagem paralela que está a realizar, tendo escrutinado, até ao momento, cinco milhões de votos.

“A tarefa de apuramento e escrutínio não se reconhece aos partidos políticos”, disse, por seu turno, e sem nunca se referir a qualquer força política em específico, Júlia Ferreira, acrescentando que a lei refere apenas que a “presença dos representantes dos partidos deve ser assegurada nesta etapa do processo”.

“A CNE continua engajada no cumprimento estrito e rigoroso da Constituição angolana e da lei”, enfatizou a porta-voz deste organismo, afirmando – sem concretizar diretamente – que têm surgido informações “infundadas”, em vários níveis, “distorcendo um pouco” a realidade deste processo eleitoral.

“Distorcendo aquilo que são os dados oficiais deste processo, aquilo que efetivamente a CNE, imbuída do seu espírito de cumprimento do dever legal, patriótica e profissional tem estado a exercer”, lamentou.

Os últimos dados provisórios consultados pela Lusa referem que o MPLA liderava a contagem, com 61,05% (4.115.302 votos), num universo de votos escrutinados em todo o país de 9.221.963 (98,98%), e uma previsão de 150 deputados (maioria qualificada), seguido da UNITA, com 26,72%, chegando aos 1.800.860 votos.

“Não queremos que os nossos eleitores, não queremos que os nossos cidadãos, não queremos que a nossa sociedade seja desinformada, muito pelo contrário. Isto seria um prejuízo, não só para os eleitores como para os próprios apoiantes dos partidos políticos”, sublinhou a porta-voz da CNE, insistindo que o processo eleitoral está a ser conduzido “com base na lei”.