“Este 1.º de Maio decorre num cenário de instabilidade política e de intranquilidade internacional, mas não aceitaremos que haja mudanças que põem em causa o progresso social, nem aceitaremos a desvalorização de quem trabalha”, afirmou o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) em declarações à agência Lusa.

Segundo Mário Mourão, o atual contexto interno e externo “não altera o rumo traçado pela UGT naquilo que diz respeito às questões do diálogo e da concertação social”: “Venha quem vier, não vamos deixar que não cumpram aqueles que foram os compromissos assumidos”, garante.

Rejeitando “a visão daqueles que visam explorar já o filão de uma eventual recessão para parar a valorização dos trabalhadores e dos rendimentos do trabalho e a convergência com os parceiros europeus”, a UGT vai aproveitar o 1.º de Maio para “reafirmar que os acordos não são só para cumprir quando os tempos são favoráveis e quando se quer beneficiar das medidas previstas para as empresas”.

Neste contexto, a central sindical organiza na quinta-feira “uma grande concentração de dirigentes sindicais e trabalhadores” no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Lisboa, que Mário Mourão espera que reúna mais de um milhar de participantes.

Já a CGTP-IN pretende assinalar o feriado “em todos os distritos do país, com os trabalhadores e as suas reivindicações na rua”, salientando o secretário-geral Tiago Oliveira que o objetivo é fazer do 1.º de Maio “um dia de luta, de intervenção e de denúncia, em que os trabalhadores venham para a rua dizer o que procuram na resposta aos seus problemas”.

“Para que não levemos para casa os problemas que sentimos diariamente nas empresas, porque não é em casa que os vamos resolver, é no confronto direto em cada local de trabalho e na rua, contra as políticas que têm sido seguidas pelos governos e que não permitem aos trabalhadores encontrar perspetiva de futuro nas suas vidas”, afirmou, também em declarações à Lusa.

Concretizando que em causa estão “os salários, os direitos e uma perspetiva de vida melhor”, Tiago Oliveira nota que quer o Governo, quer os patrões, assumem que Portugal é “um país de baixos salários”, mas enfatiza que “não basta assumir”: “Porque depois quem vive com os baixos salários são os trabalhadores e esses sentem a verdadeira dimensão do problema”, sustenta.

O líder da CGTP lembra que “a média salarial praticada em Portugal é 55% da média salarial da zona euro”, tendo “cerca de 60% dos trabalhadores assalariados um salário bruto de menos de 1.000 euros por mês”.

“Estamos muito, muito, muito mal no que diz respeito à valorização dos salários no nosso país”, considera, contrapondo que, “desde 2019 até 2024, a renda da habitação subiu em média 50% e o custo concreto na compra [de casa] subiu cerca de 60%”.

Para Tiago Oliveira, prova de que “as políticas que têm sido seguidas são erradas” é o facto de “serem cada vez mais os trabalhadores que têm de se sujeitar a ter um duplo emprego para fazer face às despesas do dia-a-dia”.

As comemorações da UGT no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Lisboa, arrancam às 10:00 com a 9.ª Corrida UGT, seguida de diversas atividades desportivas e sindicais promovidas pelos sindicatos filiados naquela central sindical. À tarde, pelas 15:00, estão agendadas as intervenções de Mário Mourão e da presidente da central sindical, Lucinda Dâmaso.

Já a CGTP antecipa “um grande 1.º de Maio”, após um também “grande 25 de Abril, com milhares e milhares de trabalhadores na rua, na perspetiva de uma política diferente e de um rumo diferente para o país” e com os olhos nas eleições legislativas de 18 de maio, “em que os trabalhadores terão que se pronunciar sobre aquilo que querem para o futuro do país”.