O dirigente do PCP Agostinho Lopes descreveu um sistema capitalista "à rasca", contrariando a ideia de que a história "se finou em 1989" com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Na tarde do primeiro dia XX Congresso do PCP, em Almada, O membro da Comissão Política do Comité Central Carlos Gonçalves condenou a "proliferação de ‘cucos' [comentadores políticos e económicos], que visam tapar o PCP e a sua participação e intervenção políticas" na "Comunicação Social dominante, controlada pelo grande capital" e defendeu o recurso às redes sociais.
O único membro do Comité Central comunista que saiu da nova lista candidata ao órgão dirigente alargado, Albano Nunes, reafirmou que "o século XX não é o século em que o comunismo morreu, mas sim em que nasceu, como empreendimento concreto para a construção de uma sociedade nova liberta da exploração", citando o histórico líder Álvaro Cunhal.
Outro dirigente comunista João Frazão lamentou perante 1.200 delegados presentes no Complexo Municipal dos Desportos “Cidade Almada” o "bando de ‘vende-pátrias', alguns dos quais ainda andam por aí" acusando PSD, CDS e PS de terem levado a cabo um "plano de destruição da produção nacional" que resultou nos atuais "elevados endividamento e défice externo" - "a burguesia dominante vendeu, nos corredores de Bruxelas, a riqueza nacional".
"Afinal, a história não se finou em 1989 [queda do muro de Berlim e desmantelamento da URSS]. Aí está a crise global, densa, profunda do capitalismo", sentenciou Agostinho Lopes, atribuindo a "responsabilidade" à "social-democracia e outras forças conservadoras do sistema capitalista".
Para o responsável pela comissão de assuntos económicos do PCP, "o capital anda a rasca, os seus ideólogos e a oligarquia financeira andam preocupados com a crise. Então, não estava resolvido, de uma vez por todas, desde a queda do muro?, questionou.
"A democracia não funciona como eles queriam, há resultados surpreendentes. Entretanto, o anticomunismo regurgita, como sempre, fétido, grosso..." criticou, num "tempo de muitas palavras, imagens e factos sobre o real para melhor se esconder a verdade", um "tempo de pós-verdade e pós-política".
Carlos Gonçalves, membro da Comissão Política do Comité Central, referiu-se ao "controlo pelo capital monopolista dos principais meios de comunicação social, que fez deles importante instrumento de dominação ideológica, na agudização da ofensiva capitalista".
O dirigente descreveu uma "proliferação de ‘cucos' que visam tapar o PCP e a sua participação e intervenção políticas", em constante "caricatura do partido".
"As comunicações eletrónicas, via Internet, são controladas por [empresas] transnacionais, para não falar aqui das agências de espionagem. Têm de ser combatidas, mas são um meio importante na divulgação e propagação da mensagem do partido", afirmou.
Contudo, Carlos Gonçalves defendeu o alargamento do "papel do sítio e de outras páginas regionais na Internet" do PCP, assim como "articular a participação dos comunistas nas redes sociais, alargando a sua influência", a fim de combater o "quadro de mistificação ideológica e discriminação".
Comentários