"Os dados científicos não enganam. Se não reduzirmos rapidamente as emissões de gases com efeito de estufa, especialmente dióxido de carbono, as alterações climáticas terão consequências irreversíveis e cada vez mais destruidoras para a vida na Terra", sintetizou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência das Nações Unidas.

Na Cimeira do Clima COP 24, que se realiza em dezembro na cidade polaca de Katowice, a comunidade internacional deverá concluir o Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a menos de dois graus centígrados em relação aos valores pré-industriais.

As concentrações de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "novos recordes", sendo o primeiro aquele que mais contribui para o efeito de estufa, tendo atingido, em 2017, 405,5 partículas por milhão na atmosfera.

"A última vez que a Terra teve uma concentração de dióxido de carbono semelhante foi há três milhões de anos", indicou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

O metano também atingiu um novo pico no ano passado, registando uma presença de mais do dobro do que se verificava na época pré-Revolução Industrial.

De acordo com os dados da OMM, também houve um aumento inesperado de um gás com potente efeito de estufa, o CFC-11, cuja produção está regulamentada para proteger a camada de ozono.

As concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera dependem de emissões provocadas pela atividade humana, mas também de interações complexas entre a atmosfera, a natureza e os oceanos, que absorvem cerca de um quarto das emissões, a mesma quantidade absorvida pela biosfera.

Para a ONU, o tempo de agir para travar o que se passa é agora, para evitar que o aquecimento passe para lá dos três graus.

O diretor de investigação da OMM, Pavel Kabat, afirmou que a tendência de aumento dos gases com efeito de estufa é "inquietante” e nada indica que, sem um esforço, haja uma inversão.