Na fase final de discussão das dez moções de estratégia global, Cecília Meireles foi uma das mais aplaudidas ao subir ao palco do 29.º Congresso do CDS-PP.

“Compreendo a tentação de falarmos das nossas mágoas, das nossas indignações, das nossas razões de queixa. Mas gostava de deixar um apelo: nunca o CDS precisou tanto que as puséssemos de lado”, afirmou.

A ex-deputada agradeceu as “declarações de amor” que já ouviu durante a reunião magna pelo seu trabalho no parlamento, mas defendeu que “a discussão mais importante não é o que significa para o CDS sair do parlamento, mas o que significa para Portugal a voz do CDS ter-se calado”.

“Eu não me conformo que o meu país esteja sistematicamente a perder lugares no contexto europeu e, enquanto essa não for a prioridade para o país inteiro, eu não baixo os braços, o CDS não desiste”, apelou.

Sem dizer o nome de Nuno Melo, de quem é apoiante, a antiga deputada apelou a que o CDS tenha um presidente “que não desiste, que não se rende”.

Já Filipa Correia Pinto, membro do Conselho Nacional e cabeça de lista pelo Porto nas últimas legislativas, elogiou os quatro candidatos assumidos à liderança, mas já antecipou o resultado final da eleição que deverá ocorrer já de madrugada.

“Ao Nuno Melo, desejo sinceramente a maior das sortes, todos os seus sucessos serão os meus sucessos e os nossos sucessos”, afirmou.

Ainda assim, a dirigente antevê uma tarefa difícil nos próximos anos para “recuperar os votos perdidos” e defendeu que o partido tem de “perceber exatamente” o que afastou o CDS-PP dos eleitores.

“Se não percebermos onde falhámos lá atrás, não vamos conseguir acertar lá à frente. Também acho que não adianta apontar dedos, mas todos temos a nossa quota parte de responsabilidade e os que se preparam para liderar o partido têm de reconhecer isso mesmo”, alertou.

O 29.º Congresso do CDS-PP reúne-se até domingo em Guimarães (distrito de Braga) para eleger o próximo presidente do partido.

Esta reunião magna acontece dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, nas quais o CDS-PP teve o pior resultado de sempre (1,6%) e perdeu pela primeira vez a representação na Assembleia da República.

O atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, que tinha sido eleito em janeiro de 2020, demitiu-se na noite eleitoral depois de conhecidos os resultados.

São quatro os candidatos assumidos na corrida à liderança: Nuno Melo (eurodeputado e líder da distrital de Braga), Miguel Mattos Chaves, Nuno Correia da Silva (ambos vogais da Comissão Política Nacional) e o militante e ex-dirigente concelhio Bruno Filipe Costa.