O presidente do Conselho, Charles Michel, convocou para a primeira ronda de consultas, que decorrerá durante um almoço de trabalho, os líderes de 11 países, entre os quais o primeiro-ministro português, António Costa, que estará acompanhado dos seus homólogos do sul da Europa, sentados à mesma mesa que os chamados países ‘frugais’, numa óbvia tentativa de aproximar posições entre os Estados-membros que mais reclamam um pacote anti-crise ambicioso e aqueles que defendem cortes e condicionalidades nos apoios.
Nesta reunião restrita promovida por Michel participarão então os chefes de Governo de Portugal, Espanha, Itália e Grécia, por um lado, os primeiros-ministros da Holanda, Áustria, Suécia, Dinamarca e Finlândia, por outro, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, apontados como ‘mediadores’, e ainda a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Retomada hoje cerca das 11:30 locais (10:30 de Lisboa), a cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, iniciada na manhã de sexta-feira, foi interrompida cerca das 13:00 (12:00 de Lisboa), após apenas hora e meia de discussões a 27.
De acordo com fontes europeias, o presidente do Conselho, Charles Michel, colocou hoje de manhã sobre a mesa uma proposta revista do plano de relançamento, e uma das alterações mais relevantes prende-se com o Fundo de Recuperação, com o novo documento a manter o seu montante global em 750 mil milhões de euros, mas prevendo que a proporção de subsídios a fundo perdido seja reduzida de 500 para 450 mil milhões, elevando assim a de empréstimos de 250 para 300 mil milhões.
Também numa tentativa de receber a aprovação dos ‘frugais’, designadamente da Holanda, a proposta contempla igualmente um “mecanismo travão” na governação do Fundo, estipulando o texto que a aprovação dos desembolsos dos pagamentos sejá decidida pela Comissão tendo em conta o parecer do Comité Económico e Financeiro (dependente do Conselho Ecofin), que tentará alcançar um consenso, com a possibilidade de, em situações excecionais, um Estado-membro poder levantar dúvidas sobre determinado pagamento e levar a questão a discussão no Conselho.
Este mecanismo proposto é uma tentativa de ir ao encontro da exigência da Holanda – das mais difíceis de ultrapassar para se chegar a um acordo -, que reclama que haja poder de veto no Conselho no processo de autorização de pagamentos, caso o Estado-membro beneficiário não esteja a proceder às reformas necessárias, um cenário rejeitado pela esmagadora maioria dos líderes, já que poderia abrir a porta a bloqueios de qualquer país ao desembolso das ajudas por meros motivos políticos.
Apresentada a nova proposta, que também introduz diversas alterações ao orçamento plurianual da UE para 2021-2027, Charles Michel interrompeu os trabalhos, de modo a que as delegações possam apreciar e discutir o novo documento, enquanto prosseguirão reuniões bilaterais, num esforço de tentar aproximar posições.
Depois de um primeiro dia de trabalhos, na sexta-feira, que não permitiu grande avanço nas negociações, a cimeira foi retomada hoje a meio da manhã, mas ainda não é visível ‘luz ao fundo do túnel’ para um compromisso em torno do Quadro Financeiro Plurianual da UE para os próximos sete anos e o Fundo de Recuperação, as duas bases do plano de relançamento da economia europeia para superar a crise da covid-19, que em conjunto atingem os 1,8 biliões de euros.
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