No início de abril, o presidente do partido, Luís Montenegro, anunciou que o PSD iria realizar um congresso extraordinário no próximo 25 de novembro para fazer uma revisão dos estatutos, que se tinha comprometido a concretizar no seu primeiro mandato na liderança. Na reunião ordinária do órgão máximo entre Congressos, marcada para as 21h num hotel em Lisboa, Montenegro irá apresentar este tema aos conselheiros nacionais, mas deverá ser o ponto dedicado à análise da situação política a dominar os trabalhos.

O II Conselho Nacional do PSD deste ano realiza-se numa altura em que surgem sondagens a colocar o PSD ligeiramente à frente ou empatado com o PS e em que o tema de uma eventual dissolução do parlamento não sai do discurso político, apesar de a maioria absoluta dos socialistas ter pouco mais de um ano.

Na última reunião deste órgão, que se realizou em 25 de janeiro – poucas semanas depois de o PSD se ter abstido numa moção de censura da IL ao Governo - , Luís Montenegro disse a António Costa que esta ainda era “a sua hora” de governar, mas avisou que quando entender que é o momento de interromper a legislatura irá fazer esse apelo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“No dia em que concluirmos que o Governo não tem condições para prosseguir, não vamos a correr ver quem chega primeiro, não vamos com manobras de diversão. Vamos ao senhor Presidente da República dizer por mais A mais B porque é que a realidade política e económica do país reclama a interrupção da legislatura”, afirmou então, dizendo que o PSD não pede eleições “pelo menos para já”.

Nas últimas semanas, o presidente do PSD foi subindo o tom e, embora continuando sem pedir eleições antecipadas ou a avançar com uma moção de censura, tem repetido que o partido já é alternativa ao Governo do PS, contrariando o diagnóstico feito publicamente pelo Presidente da República, que disse entender ainda não existir “alternativa óbvia” ao executivo liderado por António Costa.

Este será também o primeiro Conselho Nacional depois de Luís Montenegro ter afirmado, em entrevista à CNN, que exclui governar ou aceitar o apoio de partidos "racistas, nem xenófobos, nem oportunistas, nem populistas”, embora recusando posteriormente clarificar se se estava a referir em concreto ao Chega.

Na moção de estratégia com que concorreu à liderança, em maio do ano passado, Montenegro comprometeu-se a “promover uma ampla discussão interna com vista a modernizar os estatutos, que possam dar cobertura à maior democraticidade interna e à abertura do PSD à sociedade civil, incluindo a proposta de reforma do modelo de eleição do líder do PSD”.

Durante o mandato do anterior líder do PSD, Rui Rio, chegaram a ser apresentadas propostas em Congresso e a tarefa de revisão delegada em Conselho Nacional, mas o processo foi sendo sucessivamente adiado sem nunca ir a votos.