"A detenção de José Filomeno dos Santos em relação à transferência ilícita de fundos é um passo simbólico importante do Presidente João Lourenço na luta contra a corrupção", disse à Lusa a analista que na consultora Fitch Solutions segue Angola.
"Os recentes esforços são um passo positivo para o aumento da responsabilização, e a detenção comprova que não é 'business as usual' em Angola", referiu a analista em declarações à Lusa.
A analista da Fitch Solutions, uma consultora detida pelo mesmo grupo que detém a agência de 'rating' Fitch, acrescentou, ainda assim, que "a detenção de alguns notáveis não vai ser suficiente para resolver o que muitos descrevem como corrupção endémica dentro das principais instituições de Angola".
Questionada sobre a perceção internacional desta detenção do filho do antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, Tettey Addy respondeu acreditar que "os investidores ainda vão estar à espera de sinais de que o Governo de Lourenço está a combater a corrupção de uma forma mais estrutural".
José Filomeno dos Santos foi presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola, nomeado pelo pai, então chefe de Estado angolano, e, entretanto, exonerado pelo atual Presidente, João Lourenço, em janeiro deste ano.
'Zenu', como é conhecido em Angola, é acusado, segundo a PGR, de envolvimento num crime referente a uma alegada burla de 500 milhões de dólares, processo já remetido ao Tribunal Supremo, bem como, ainda em fase de instrução, de um processo-crime relacionado com atos de má gestão do Fundo Soberano de Angola, em que é também arguido o empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, sócio de José Filomeno dos Santos em várias negócios, e que está também em prisão preventiva na cadeia de Viana.
Segundo a PGR, da prova recolhida nos autos resultam indícios de que os arguidos incorreram na prática de vários crimes, entre eles o de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio, puníveis na Lei sobre a Criminalização das Infrações Subjacentes ao Branqueamento de Capitais e os crimes de peculato, burla por defraudação, entre outros.
"Pela complexidade e gravidade dos factos, com vista a garantir a eficácia da investigação, na sequência dos interrogatórios realizados, o Ministério Público determinou a aplicação aos arguidos da medida de coação pessoal de prisão preventiva", lê-se no comunicado, salientando que a instrução prossegue os seus trâmites legais, com caráter secreto.
Em relação a Augusto Tomás Silva, também num comunicado, a PGR referiu que o processo corre os seus trâmites na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), relacionado ao caso que investiga atos de gestão do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), órgão afeto ao Ministério dos Transportes.
O documento informa também que, além do ex-governante, foi igualmente detido Rui Manuel Moita, ex-diretor-geral adjunto para a Área Técnica do CNC.
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