“Estamos todos preocupados no nosso país, devido aos baixos níveis (de escolaridade) que ainda mantemos”, disse António Correia de Campos na conferência “Aprendizagem ao Longo da Vida: Estratégias e Experiências”, que levou hoje à aula magna do Instituto Politécnico de Viseu cerca de 200 participantes.

Correia de Campos salientou que Portugal “melhorou muito e tem havido um esforço e dinheiro comunitário, e houve muita modernização das instituições” para continuar a trilhar o caminho da formação.

“A formação inicial tem de ser cada vez mais orientada para uma carreira dual, por um lado fazer com que à saída dos graus que hoje dão empregabilidade, fazer com que à saída as competências académicas ou escolares sejam duplicadas com competências profissionais”, defendeu o presidente do CES.

“O objetivo é que as pessoas saiam não apenas a saber, mas a saber fazer”, disse o antigo ministro da Saúde, que defendeu que "as pessoas devem sair do ensino a poderem ser úteis e serem imediatamente integradas no mercado de trabalho se assim o preferirem”.

“É necessário tornar o ensino inicial muito mais orientado no sentido profissionalizante sem, naturalmente, abandonar a formação científica humanística”, resumiu.

Sobre os trabalhadores ativos, António Correia de Campos considerou que “há ainda um enorme vazio de formação profissional”, lembrando que “as 35 horas de formação obrigatória não são praticamente cumpridas”.

“Os próprios acordos coletivos de trabalho resultantes da negociação coletiva tendem a ligar menos importância a essa questão do que a outras, naturalmente, como é a questão salarial”, referiu o antigo governante socialista.

Correia de Campos lembrou que uma das recomendações saídas de um dos painéis era no sentido de que se “olhasse mais para o que se procurava inserir na contratação coletiva, e nas condições, até para poder haver na contratação coletiva matérias que digam respeito à formação profissional”.

O presidente do Conselho Económico e Social defendeu que tem de “haver uma sensibilização muito grande” e as “empresas têm de perceber a vantagem da formação profissional”.

“Não vale a pena fazer-lhes engolir a formação profissional pela goela abaixo, têm de ser eles próprios a reconhecer essa importância e, uma forma de reconhecer essa importância, é através de ações de demonstração”, alertou.

Uma das formas de fazer essa demonstração, sugeriu, é através da “inserção direta” e da “disseminação de centros de formação por todo o país” com o “grande desafio de trabalharem em áreas que não sejam apenas as mais urbanas, mas também as periurbanas e as áreas rurais”.

Neste sentido, defendeu que “atuar diretamente nos parceiros sociais, quer nas entidades representativas patronais, empregadoras e sindicais no sentido de os persuadir no valor da formação como valor acrescentado para as suas empresas e para a sua inovação e capacidade de crescimento, exportadora e para gerar mais empregos que é o que todos querem”, desafiou Correia de Campos.