“Eu continuo otimista que hoje cheguemos a uma boa solução de acordo. Como é sabido, desde o princípio que acho que Frans Timmermans é a personalidade que reúne melhores condições para ser presidente da Comissão. Creio que há hoje boas condições para que isso aconteça, mas vamos a ver, temos ainda seguramente muitas horas de reunião antes de chegarmos a uma conclusão final”, disse, à chegada ao Conselho.

António Costa disse ter constatado “como ao longo destas semanas o nome de Frans Timmermans para presidente da Comissão tem vindo a ter um consenso cada vez mais alargado” entre os 28, e relativizou a anunciada oposição de alguns países, designadamente aqueles que fazem parte do chamado Grupo de Visegrado, com Polónia e Hungria à cabeça.

“Não surpreende a ninguém que países como a Polónia ou com a Hungria, que tiveram um conflito direto com a Comissão sobre o respeito pelo Estado de direito, pela independência do poder judicial, tenham maiores dificuldades em apoiar quem, como vice-presidente da Comissão, liderou esse processo e abriu os procedimentos por violação do artigo 7º”, apontou.

“Isso é normal, creio que não surpreende ninguém, mas creio também que seria muito mau sinal para a cidadania, para a democracia europeia, para quem quer defender a independência do poder judicial e a supremacia do Estado de direito, aceitar essa argumentação para não apoiar Frans Timmermans. Esse é mesmo, diria, o argumento que o Conselho não pode aceitar”, sublinhou.

O chefe de Governo insistiu que o importante é “que hoje seja encontrada uma boa solução”, para que a Europa tenha “uma boa Comissão Europeia, uma nova presidência do Conselho, um novo Alto Representante, e que o Parlamento Europeu também encontre a sua própria presidência”, na próxima semana, de modo a “dar uma nova energia para esta importante agenda estratégica” que a UE já acordou, na última cimeira, para o novo ciclo político.

Embora insistindo que está “muito otimista” quanto ao desfecho da cimeira de hoje, face aos contactos que tem havido entre as grandes famílias políticas em busca de uma solução de compromisso, António Costa ressalvou que “nada está fechado enquanto os 28 não falarem”, até porque é necessário respeitar outros equilíbrios além do partidário, designadamente os equilíbrios geográficos e de género.

“Creio que o Frans Timmermans é um grande ponto de acordo”, em torno do qual será possível completar o resto das nomeações, reiterou.

A cimeira europeia extraordinária de hoje, que será presumivelmente uma longa ‘maratona’ e se adivinha decisiva para desbloquear o impasse nas negociações para as nomeações dos lugares institucionais de topo europeus, vai começar com uma hora de atraso.

Inicialmente agendada para as 18:00 em Bruxelas (menos uma hora em Lisboa), a reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) irá começar apenas às 19:00, sem perspetiva horária para terminar, uma vez que ainda estão a decorrer encontros bilaterais e outras reuniões entre líderes europeus.

A noite adivinha-se longa em Bruxelas, tão longa que os serviços do Conselho anunciaram que a cimeira de hoje pode prolongar-se até um “pequeno-almoço na segunda-feira”, uma hipótese que a chanceler alemã, Angela Merkel, pareceu não excluir à entrada da reunião.

“Atendendo ao presente estado das coisas, não serão discussões nada fáceis, é o mínimo que posso dizer. Provavelmente, vai demorar”, declarou, à chegada à sede do Conselho, em Bruxelas.

“Haverá um avanço decisivo esta noite”, asseverou o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, lembrando que “a noite tem muitas horas”. Estou convencido que iremos encontrar uma solução”, reforçou.

(Notícia atualizada às 18h19)