“Quem me dera que o meu problema fosse o MAI. Significa que não tenho um problema porque tenho um excelente MAI”, declarou o primeiro-ministro no primeiro debate parlamentar bimestral com o primeiro-ministro após o fim dos consecutivos estados de emergência para combater a epidemia da covid-19 em Portugal.

André Ventura, deputado único do Chega, tinha argumentado que o próprio Presidente da República já tinha pedido que fossem retiradas consequências políticas, designadamente devido à polémica do realojamento de trabalhadores migrantes em Odemira, por exemplo, e que até o autarca socialista daquele concelho do distrito de Beja tinha pedido a demissão de Eduardo Cabrita.

“Uma desastrosa intervenção em Odemira, revertida pelo Supremo Tribunal. Uma desastrosa gestão do caso do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) e a extinção da única polícia que estava a investigar uma rede de imigração ilegal, precisamente em Odemira. Vai ou não manter o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita?”, questionara o presidente do partido da extrema-direita parlamentar.

Em seguida, O deputado único do Chega abordou outra polémica da semana: os insultos do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, a um programa jornalístico da RTP.

“Se fosse o André Ventura, ‘mãe do céu’, era em todo o lado... Como pode manter um secretário de Estado que diz “estrume”! e “coisa asquerosa” de um programa de televisão e de uma jornalista?”, perguntou o líder do partido populista.

António Costa recordou que Galamba “já tirou ele próprio as suas consequências de ter considerado, obviamente, inapropriada a forma como se expressou” e o ministro do Ambiente [e Ação Climática, Matos Fernandes] também já teve oportunidade de o dizer”.

“Eu, de facto, não posso dizer outra coisa: os membros do Governo têm de ter particulares nervos de aço para ouvirem mesmo as coisas mais desagradáveis. É o que eu faço, roo um bocadinho mais as unhas, mas pronto, é a vida...”, concluiu, bem-humorado, antes de afirmar ainda que Ventura “nunca diria isso sobre o ‘Sexta às 9” (RTP).

Presidente da Iniciativa Liberal acusa Eduardo Cabrita de ser “mau nas decisões e pior nas justificações”

O presidente da Iniciativa Liberal classificou hoje o ministro da Administração Interna (MAI), Eduardo Cabrita, como “mau nas decisões e pior nas justificações”, elencando diversos episódios em que considera que o membro do executivo do PS foi “incompetente”.

“Ontem [terça-feira] houve a festa do título [nacional de futebol] do Sporting, não havia plano absolutamente nenhum e continua aqui o ministro, que é incompetente, mau nas decisões e pior nas justificações. Fica, dizem, por que andou consigo (António Costa) na escola. É altura de saber quem andou consigo na escola para este parlamento saber quem é inimputável neste país”, afirmou Cotrim de Figueiredo.

O deputado único dos liberais debatia com o primeiro-ministro, António Costa, no primeiro debate parlamentar bimestral, após o fim do estado de emergência para combater a epidemia da covid-19 em Portugal. Antes, já o chefe do Governo tinha anunciado o pedido à Inspeção-Geral da Administração Interna de abertura de um inquérito à atuação da PSP nos festejos da véspera.

“Quando o MAI comprou golas antifumo inflamáveis, o ministro ficou. Quando demorou meses a assumir responsabilidades no caso de Ihor Humenyuk (cidadão ucraniano assassinado nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Lisboa, o ministro ficou...”, enumerou Cotrim de Figueiredo.

O deputado da Iniciativa Liberal recordou ainda o “contrato SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal)”, que “chegou ao fim sem renegociação” e “a culpa era da Altice, mas o ministro ficou” ou que, “quando houve filas intermináveis de voto nas eleições presidenciais, não só [o MAI] ficou como foi ‘a festa da democracia’”.

Costa, que já tinha reiterado a sua confiança política em Eduardo Cabrita, limitou-se depois a ironizar, adiantando que também foi colega do líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, por exemplo.