Em declarações à RTP em Budapeste, à margem de um encontro com o seu homólogo húngaro, Costa lembrou ainda que sempre defendeu que os parceiros naturais do PS em matéria de governação são os partidos à esquerda, e insistiu que um sistema de bloco central seria “um fator de empobrecimento da democracia”, não querendo isto “dizer que o PSD tenha peste”.
Questionado sobre o arranque das discussões com BE e PCP, o primeiro-ministro disse ter, naturalmente, “uma perspetiva positiva” e não ver “nenhuma razão” para que assim não suceda.
“Estes últimos cinco anos têm sido cinco anos de sucesso para o país. E agora que temos uma nova crise pela frente, onde é muito claro que, ao contrário do que alguns temeram, a resposta adequada não vai ser o recurso à austeridade, é, pelo contrário, necessário unir os esforços e dar uma resposta positiva àquilo que é essencial, de forma a reforçar a nossa capacidade económica, de reforçar os apoios sociais, os serviços públicos essenciais, como o SNS”, apontou.
Manifestando-se então convicto de que “há um largo campo de convergência à partida”, Costa comentou que seria mesmo preciso “algum trabalho” para se encontrar “as divergências suficientes para que não possa haver acordo”.
Questionado sobre se as exigências de Bloco e PCP levam o Governo a ponderar ‘virar-se’ para o PSD, Costa sorriu e disse que “não vale a pena continuar com esse debate”.
“É a minha convicção desde sempre, mas assumida e expressa desde 2014, quando concorri a secretário-geral do PS, que a nossa democracia vive da essência de alternativas. E, no nosso sistema partidário, as alternativas normais são as que são lideradas, à direita, pelo PSD e, à esquerda, pelo PS. Portanto, sistemas de grandes coligações, de bloco central, ou o que lhe queiram chamar, seria sempre um fator de empobrecimento da democracia”, sustentou.
“Isto não quer dizer que o PSD tenha peste. Não tem peste. Agora, há matérias sobre as quais obviamente deve haver entendimentos o mais alargado possível”, disse, apontando, a título de exemplo, que sempre defendeu “que o programa nacional de infraestruturas, que são compromissos do país para séculos, devem obviamente transcender aquilo que é um mandato limitado de uma maioria”.
Segundo o chefe de Governo, “há matérias, como a política externa e a política de defesa, que devem ser objeto de um acordo o mais amplo possível”, e, por exemplo, “foi muito importante para o país, no momento mais difícil desta crise, que todo o sistema partidário, com pequenas exceções, se tenha unido, por exemplo, em torno das propostas do PR da declaração do Estado de Emergência”.
“Outra matéria diferente tem a ver com soluções de governação. E, aí, eu acho que temos todos a ganhar em que os portugueses tenham o Governo que querem e a possibilidade de terem uma alternativa de Governo que venham a querer. E ainda por cima, essa é não só a posição do PS, como é também a posição do PSD, portanto é um romance que não vale a pena continuar a alimentar”, concluiu.
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